terça-feira, 1 de novembro de 2011

Portugal: Bloco de Esquerda diz que referendo grego é aviso sério ao Governo português





O Bloco de Esquerda considerou, esta terça-feira, que a decisão do executivo grego de realizar um referendo constitui um aviso ao Governo português, porque traduz o falhanço da austeridade e antecipa o que poderá acontecer em Portugal.

Falando em conferência de imprensa, no final de uma reunião da Comissão Política do Bloco de Esquerda, a eurodeputada Marisa Matias afirmou que a decisão grega de avançar para um referendo, na sequência das conclusões da última cimeira de chefes de Estado e de Governo da zona euro, "traduz de forma clara a crise política que se vive na Grécia".

"Este é um recado mais do que evidente para o Governo português. É um recado para Portugal, porque prova-se que o sistema na Grécia está a desfazer-se - e isso devemos ter em atenção - e porque prova que falhou a política de austeridade", sustentou a eurodeputada do Bloco de Esquerda.

Na perspectiva de Marisa Matias, o falhanço da política de austeridade grega "é mais evidente hoje do que nunca".

"Se o mais recente plano de austeridade aplicado à Grécia fosse para a frente, nos termos em que estava a ser definido [no âmbito da União Europeia, Fundo Monetário Internacional e Banco Central Europeu], apenas conseguiria que em 2020 a dívida grega estivesse ao nível de 120 por cento do Produto Interno Bruto (PIB). Após 30 por cento de perda do valor real dos salários gregos, de transferência sem precedentes do valor do trabalho para o capital, aquilo que se queria oferecer é que a dívida fosse equivalente ao montante quando estes planos começaram", em 2010, apontou.

Segundo Marisa Matias, "a tragédia grega não é apenas grega".

"Antecipa o que é a política de austeridade e aquilo que se tornará inevitável em Portugal nos próximos tempos", acrescentou.

Em comunicado, a Comissão Política do Bloco de Esquerda critica ainda a decisão de redução da dívida grega em 50 por cento e coloca mesmo em dúvida o real impacto desta medida.

"Mesmo que se venha a concretizar nos termos anunciados, representaria uma redução no montante global da dívida pública grega não de 50 por cento, como tem sido insinuado, mas de pouco mais de 20 por cento, já que a troca de títulos incide sobre uma parte da dívida pública a privados que representa menos de metade da dívida pública global. Assim, a troca de títulos não impede a continuação da dinâmica insustentável da dívida grega", considera a Comissão Política do Bloco de Esquerda.

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1 comentário:

Anónimo disse...

REFERENDO?!!!

Que horror!...

... Mas isso não são coisas do Hugo Chavez?!

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