A família de Jenny Lake com o seu filho. Atrás ao centro, o jovem Nathan, que foi o seu namorado |
LUÍS M. FARIA – EXPRESSO, Blogues, com foto
Quando alguém descobre que tem uma doença terrível, é normal passarem muitos pensamentos pela cabeça. Um desses pensamentos, eventualmente, poderá ser: para que serviu a minha vida?
Jenny Lake, uma adolescente americana, fez a pergunta a si mesma e não demorou a responder.
Tendo-lhe sido detectado um cancro no cérebro, decidiu que o mais importante era ter um filho enquanto havia tempo. Engravidou do namorado e começou a preparar-se.
Mas então disseram-lhe que tinha de escolher. Ou parava os tratamentos, ou a gravidez. Os riscos da quimioterapia e da radiação eram demasiado grandes.
Três tumores no cérebro, três na coluna
Jenny não esperava ter de enfrentar esse dilema. Sempre se portara com coragem. Quando aos 16 anos lhe detectaram na cabeça aquele intruso com cerca de dois centímetros, não se deixou desanimar. E quando depois soube que os tumores no cérebro eram três, mais outros três na espinha, apenas quis saber quanto tempo podia esperar viver. Ao que parece, ninguém a viu chorar.
Ficou, sim, furiosa, quando lhe disseram que talvez ficasse impedida de ter filhos. Criada numa família com oito filhos (dos quais foi a terceira) resolveu logo mostrar que não havia de ser assim.
Ao longo dos meses, alimentou o sonho de abraçar o filho que aí vinha. E quando optou por parar os tratamentos, julgou que seria temporário. Com um bocado de sorte, aguentaria. Uma vez nascida a criança, retomá-los-ia e continuaria em frente.
Uma memória sagrada
Infelizmente, não foi assim. Doze dias após o parto, Jenny morreu.
A família diz que ela não contava que a situação se agravasse. Afinal, durante o tratamento os tumores tinham começado a encolher. Mas quando percebeu a situação, após o parto, aceitou. Apenas disse a uma enfermeira que o seu trabalho estava feito.
Morreu a duas semanas de fazer dezoito anos. O bébé, que nasceu saudável, será criado pelo pai, Nathan, também ele adolescente. Tanto Nathan como a família de Jenny prometem tratar o seu sacrifício como uma memória sagrada.
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