terça-feira, 20 de dezembro de 2011

2011 - O ANO DOS INDIGNADOS




Em África, o exemplo do mundo árabe suscitou o aparecimento de vários movimentos de protesto, minoritários mas ativos.

Brasília - Foram rotulados de indignados e o nome ficou, até porque é precisamente a indignação que os move. São milhares e encontram-se por África, Médio Oriente, Europa e Estados Unidos. Ainda não se fazem sentir na América Latina, na Ásia ou nas potências emergentes. Mas já estiveram nas ruas de Angola. A matéria de capa da edição dezembro-janeiro da África21.

Em África, o exemplo do mundo árabe suscitou o aparecimento de vários movimentos de protesto, minoritários mas ativos. Em todo o lado, qualquer que seja o regime político existente, têm-se registado escaramuças entre os manifestantes e as forças policiais.

A primavera árabe começou em dezembro de 2010 na Tunísia, mas o ambiente está longe de ser festivo, mesmo nos países que conseguiram derrubar regimes autoritários instalados há dezenas de anos. O triunfo eleitoral dos islamistas na Tunísia, Marrocos e Egito, a restauração da sharia na Líbia colocam democratas, laicos e liberais na defensiva. A juventude, independentemente das suas opções políticas ou religiosas, está desencantada e perplexa. Julgava ter conseguido mudar o futuro, mas confronta-se com um quotidiano cheio de dificuldades, incertezas e ameaças.

Na Europa, a Islândia foi o berçário deste movimento de uma geração que tinha tudo para ter êxito e está verdadeiramente à rasca, sem emprego, sem casa, sem perspetivas económicas de futuro. Foi lá que nasceu também o WikiLeaks e radicado na mesma atitude geracional – a desconfiança sobre a representatividade dos sistemas políticos.

Se nos EUA, 2010 foi o ano do Tea Party, ala que ajudou o Partido Republicano a recuperar o controlo da Câmara dos Representantes, perdido para os democratas em 2006, o ano 2012 começa com uma interrogação à volta do papel que os ocupas poderão ter nas eleições de 6 novembro próximo. Nessa altura estarão em jogo a Casa Branca, um terço dos 50 lugares do Senado, a totalidade dos 435 assentos da Câmara dos Representantes, e 13 governos estaduais.

Angola também não escapou à nova tendência resultante da atual crise global: a revolta dos indignados aparentemente sem partido. De março até ao fecho desta edição, foram realizadas em Luanda seis manifestações (estava prevista mais uma, no dia 10 de dezembro), protagonizadas sobretudo por jovens estudantes, rappers e cantores de hip-hop.

*Leia os artigos assinados por Nicole Guardiola, António Melo, Itamar Souza e Carlos Severino, na edição de dezembro-janeiro da África21

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