A SEMANA, em editorial
Venham as palmas, todas elas. Das dez ilhas, do Mar, do Céu, do Vento, das Montanhas estranha e silenciosamente musicais. Venham os cabo-verdianos todos – os que hoje vivemos abraçados na perda, mas também os que hão de vir para ressuscitar o canto, revivificar a morna, a coladeira, o batuque e o funaná. Vamos bater palmas, para não deixar morrer a música que Deus nos deu e Cize glorificou.
As palmas do mundo chegaram para aclamar a obra, a voz. E nós aqui vamos continuar a cantar porque Cesária é música, é ritmo, é melodia, é a alma cabo-verdiana. Aplaudamos a dádiva de ter uma Cize cuja voz agora os jovens e crianças retomam nas cantigas de embalar.
Palmas para esse “petit pays” que deu ao mundo uma Diva que correu continentes e hoje faz a capa dos jornais, abre noticiários das mais célebres rádios e televisões do mundo.
Palmas e Palmas e Palmas a ti Cize, num batuque miudinho que vai ritmar a “Hora di Bai”. Palmas deste teu povo cuja essência levaste nas asas da tua música. Palmas de uma nação que se une no hino da Saudade, do Amor.
Vamos tocar palmas minha gente, vamos aplaudir todos porque a semente é da terra e a música da Cesária é cada um de nós.
Palmas agora que o tempo parou, o mar deita-se quietinho “pá deixal bai”, a chuva cai miudinha do céu para abençoar a partida e anunciar novas chegadas. Palmas à vida, ao legado. Palmas cabo-verdianos. Para que a Cesária viva… Para sempre! Esses dias sentindo o pranto, escutando as mensagens, cantamos todos. Porque não te perdemos, te achamos Cize.
“Corpo catibo, ba bo que é escrabo, Ó alma bibo, Quem que al lebabo”, já dizia Eugénio Tavares.
A saudade vai-te levando devagarinho… Mas nós vamos seguir cantando, cantando-te, cantando-nos e dando Graças à vida por nos haver dado tanto.
Palmas porque Cabo Verde tem o que tinha que ter: uma Diva e uma música plantada no coração do Mundo. Palmas e Palmas e Palmas à Cize que cantou:
Nh’amor é doce/Nh’amor é certo/Nh’amor tá longe/ Nh’amor tá perto/El ta na nim/‘M ca ta sozim/Ness mundo/ Nh’amor ca so di cretcheu/El é amor d’um criston/Qui ca quré vive/Na meio di breu/Nh’amor é tudo qu’m tem/ El é amor dum irmon Qu’até ainda/Ca perde fê/Tcha’m cantá-bo nh’amor/Ô mundo/Tcha’m canta-bo nh’amor/ Pa nô amá/Pa nô amá/Pa nô amá…
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