domingo, 11 de dezembro de 2011

O COLÓQUIO SOBRE O MPLA




FILOMENO MANAÇAS – JORNAL DE ANGOLA, em A Palavra ao Diretor

1. O MPLA está a comemorar os seus 55 anos de existência e, entre outras tantas actividades que decidiu realizar para assinalar a efeméride, organizou o 1º colóquio internacional sobre a sua história.

Um evento que juntou durante três dias, no centro de conferências de Belas, convidados estrangeiros e nacionais cujos depoimentos se revelaram testemunhos de valor inestimável, não apenas sobre a grande epopeia que foram as guerras de libertação nacional levadas a cabo pelo MPLA, mas de um modo geral sobre a luta empreendida pelos nacionalistas das ex-colónias portuguesas e por forças patriotas contra os regimes de apartheid na África do Sul e racista de Ian Smith na ex-Rodésia.

Um manancial de informação que, à distância dos acontecimentos da época em que tiveram lugar, sublinha o quão profundo eram a convicção e o desejo de genuína liberdade e de independência, por um lado, e, por outro, realça o particular valor da solidariedade como elemento indispensável que contribuiu sobremaneira para que muitas vitórias fossem alcanças no plano político-diplomático e até mesmo no campo militar.

As conquistas de ontem, traduzidas hoje na independência das ex-colónias portuguesas, na independência do Zimbabwe e da Namíbia, e na libertação do povo sul-africano do regime de apartheid, só foram possíveis porque alicerçadas em princípios fortes de defesa da unidade nacional, de combate ao tribalismo e ao racismo que, para o caso do MPLA, permitiu alargar a frente de combate ao regime colonial português em Angola com a abertura de seis regiões militares e consequente implantação da guerrilha em todo o território nacional.

Sem querer tirar valor às outras intervenções - até porque todas mereciam aqui ser citadas e devem ser tidas em conta pelas pessoas interessadas em saber o que produziu o 1º colóquio sobre a história do MPLA -, ouvir o ex-Presidente moçambicano Joaquim Chissano relatar como, diante da escassez de armamento, foram encontradas soluções para fazer face às investidas inimigas e reverter a situação, ou ainda pequenos trechos de conversas com outros estadistas sobre questões polémicas da actualidade, reveladores da incoerência e dos interesses contraditórios da alta roda da política internacional, é um privilégio porque momento único de um contacto com a realidade por detrás das cortinas.

Ouvir Rafael Moracén falar de forma emotiva, de cor e salteado, sobre os primeiros grandes momentos que marcaram a formação das primeiras colunas guerrilheiras, processo em que esteve directamente envolvido, dos seus comandantes e das valorosas Deolinda Rodrigues, Irene Cohen, Engrácia Paim, Lucrécia dos Santos e Teresa Afonso, é recordar pessoas destemidas que fizeram da bandeira da libertação um hino à vida.

Outras vozes, entre nacionais e estrangeiras, deixaram as suas pinceladas inapagáveis sobre aquilo que é a memória passada do MPLA, mostrando claramente a génese de um movimento forte projectado para a eternidade.

O ghanense Kodjo Tshikata, o moçambicano Sérgio Vieira, os angolanos Rui Filomeno de Sá “Dibala”, António França “Ndalu”, José Domingos Tuta “Ouro de Angola” e Miguel Ângelo Vietname são nomes que, entre já referidos e não referidos, representam a amálgama de vontades e gerações que o movimento foi e é capaz de congregar em prol de uma Angola que queremos sempre desenvolvida económica, política e culturalmente.

2. A crise na Zona Euro continua a provocar divisões. A tão aguardada cimeira de Bruxelas não foi suficiente para esbater as divergências que ainda subsistem sobre a melhor maneira de abordar a crise e as soluções adequadas para que a economia europeia volte a dar sinais de recuperação.

O primeiro-ministro britânico, David Cameron, tornou-se agora o alvo principal das críticas, por ter votado contra as medidas de harmonização fiscal e o controlo orçamental que os restantes países querem ver aplicados para que se faça luz no fundo do túnel.

Mesmo a nível interno, e apesar de essa posição satisfazer os eurocépticos, a decisão de Cameron não é bem vista, na medida em que coloca a Grã-Bretanha numa situação difícil face ao Mercado Único, onde o comércio britânico tem a sua maior fatia de receitas.

Absurda, é a forma como na Europa e mesmo na Grã-Bretanha muitos consideram a atitude de Cameron, já que pode comprometer as aspirações do país em relação ao mercado europeu.

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