quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

OPOSIÇÃO GUINEENSE ACUSA ANGOLA DE INGERÊNCIA




DIÁRIO DE NOTÍCIAS – ontem - Vigilância militar na capital - Fotografia © António Aly Silva

Partidos contestam tese de golpe militar e desconfiam de ajuda de Angola ao primeiro-ministro

Um grupo de 15 partidos de oposição na Guiné-Bissau acusou a missão angolana presente no país de ingerência nos assuntos internos. A oposição estranha a ocorrência de um golpe dias depois do regresso do primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior de uma visita a Angola e sobretudo a forma como foi dada protecção ao chefe do governo, na madrugada de segunda para terça-feira.

No decurso de um alegado golpe, uma coluna de soldados angolanos levou o primeiro-ministro para a embaixada de Angola. A missão militar angolana tem duas centenas de soldados em Bissau, no âmbito de um acordo da CPLP que visa treinar as forças de segurança guineenses.

Falando numa conferência de imprensa em Bissau, em nome dos diferentes partidos, o dirigente da oposição democrática Vitor Pereira considerou "ilegal" a presença da força angolana: "Dois dias após o regresso do primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior, de uma visita relâmpago ao Presidente José Eduardo dos Santos, dá-se de novo a encenação de um golpe de Estado", disse.

Segundo as autoridades guineenses, na segunda-feira ocorreu uma tentativa de "subversão" militar, com um tiroteio junto a um paiol. Seguiu-se uma vaga de prisões, incluindo de altas patentes militares e deputados do PAIGC, sendo incerto o número de detidos. Na resistência às prisões e ficou gravemente ferido um polícia.

Entre os detidos estão o chefe da marinha, Bubo Na Tchuto, e o número dois do exército, Cletche Na Ghana, além de um dos militares mais poderosos do país, o general Watna na Laie. São todos balantas. A purga foi liderada pelo chefe do estado-maior, general António Indjai, que se mantém no poder.

Ontem à noite, um ex-major da polícia, Iaia Dabó, foi morto a tiro e, segundo as autoridades, a vítima era suspeita de ter ferido o agente policial atingido na véspera e que entretanto faleceu em Dacar, para onde fora levado.

Segundo a Liga Guineense dos Direitos Humanos, a polícia de intervenção "abateu friamente" o major Dabó, após este se entregar. O Major era irmão de Baciro Dabó, ex-ministro do Interior assassinado em 2010 e, tal como o irmão, crítico de Carlos Gomes Júnior.

Esta perturbação decorre na ausência do chefe de Estado, Malam Bacai Sanhá, que se encontra em França para tratamento médico.

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