DANIEL OLIVEIRA – EXPRESSO, opinião, em Blogues
Sabíamos que o homem mais rico de Portugal não era rico. Era apenas um trabalhador, nas suas próprias palavras. As Finanças foram ver as contas deste humilde trabalhador - o mesmo que, ainda a crise não tinha a começado, já estava a fazer despedimentos preventivos nas suas empresas - e descobriu umas irregularidades. Quer-lhe cobrar mais 750 mil euros de IRC. E ele, claro, que é apenas um trabalhador, recusa-se a pagar.
Parece que os Serviços de Inspeção da Direção de Finanças de Aveiro descobriram centenas de milhões de euros em despesas pessoais na empresa Amorim Holding2. Entre elas, viagens da família a destinos turísticos, massagens, contas de mercearia e tampões higiénicos que, só não sabe quem não passou por isso, são fundamentais para o desempenho profissional de Américo Amorim. Na empresa mãe deste simples trabalhador encontrou 3,1 milhões de despesas indevidas.
Quero manifestar aqui a minha solidariedade com Américo Amorim. É escandaloso que, com tanta gente rica a fugir aos impostos, vão atrás da arraia miúda. E nada escapa a este espírito pidesco. É que um homem nem pode passar por dias difíceis? Diz-se que os artigos de higiene feminina que usou para fugir ao fisco são de boa qualidade quando não se sentem e não se veem. É como os impostos do senhor Amorim: ele não os sente e nós não os vemos.
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