sábado, 3 de dezembro de 2011

Pobreza absoluta deixa o inverno mais frio para 20 milhões de ingleses, mostra pesquisa




CORREIO DO BRASIL, com The Guardian - de Londres

O frio deste inverno será mais rigoroso para cerca de 20 milhões de ingleses. Um quarto de todas as casas na Inglaterra e do País de Gales vivem na mais absoluta pobreza, sem dinheiro para comprar o combustível necessário para o aquecimento das moradias, após um outono de fortes aumentos nas contas de energia e renda estagnada. Pesquisa realizada pelo diário britânico The Guardian, publicada nesta sexta-feira, mostra que o aumento dramático na pobreza das famílias mostra-se embaraçoso para o governo, que tem a obrigação legal de eliminar a carência de combustível até 2016. A situação atual mostra que, neste caso específico, a lei não tem sido cumprida.

Projeções anteriores do governo previam que este ano haveria 4,1 milhões de famílias em situação de pobreza, taxa definida como aqueles que precisam gastar 10% ou mais de sua renda para obter calor e luz adequada. Mas estas estimativas foram calculadas antes que os preços disparassem, no ano passado, nos seis grandes fornecedores de energia. Novos novos cálculos, com base nos níveis médios de consumo de energia por pessoa, apenas na Inglaterra há cerca de 5 milhões de famílias em situação de pobreza extrema.

A revelação ocorre quanto os números mostram um número médio crescente de famílias que enfrentam o pior aperto financeiros em seus orçamentos desde que os registros começaram a ser registrados, logo após a II Grande Guerra, em 1950. Na análise da declaração de Outono do chanceler George Osborne, o influente Instituto de Estudos Fiscais diz, em relatório, que as famílias de renda média viveriam pior em 2015 do que estavam em 2002, apontando como causa o aumento incessante dos preços dos combustíveis, juntamente com a estagnação dos salários e bem-estar cortes do governo.

A subida dos preços no Verão permitiu ao maior fornecedor, a British Gas, inflacionou seu gás e a eletricidade entre 18% e 16%, logo, na média anual, para seus 9 milhões de clientes, a conta saltou de £ 1,096 a £ 1,288. Novos dados mostram diferenças regionais nos níveis da pobreza de combustível. No País de Gales, mais meio milhão de famílias, mais de 40% do total de habitantes, vivem na pobreza extrema. O nordeste e West Midlands têm níveis de pobreza além dos 30%, enquanto o Noroeste tem pouco menos de 30%. O valor para o sudeste, entretanto, é apenas 17%.

Cerca de 2,5 milhões de famílias do Reino Unido têm dívidas para com o seu fornecedor de energia e este número tende a aumentar rapidamente. A dívida média de gás daqueles em atraso é agora de £ 320, constata o Guardian.

Os principais partidos políticos da Inglaterra atacaram os seis grandes fornecedores de energia em suas convenções de Outono deste ano devido ao aumento nos preços que, em média, atingiu 21% desde o ano passado. Nos últimos cinco anos, os preços médios subiram 88%. Na reunião do Dem Lib, Chris Huhne, o secretário de energia, acusou os seis fornecedores, que provêm 99% da energia doméstica no Reino Unido, de negligência. Em sua defesa, as empresas argumentam que o aumento dos preços reflete o custo crescente da energia nos mercados globais.

A drª Brenda Boardman, consultora de meio ambiente da Universidade de Oxford, disse que a pressão estava levando os políticos a agir contra o setor energético, tendo em vista o estrago que o aumento da pobreza de combustível causa em seus círculos eleitorais a cada semana, enquanto a onda de frio aumenta no país. Cada aumento de preços de 1% leva cerca mais 40 mil famílias à pobreza de combustível, forçando-as a tomar decisões sobre o número de horas em que mantêm o aquecimento desligado ou o corte na alimentação, sem contar o aumento da dívida, disse ela. O aquecimento inadequado, acrescenta Boardman, contribui para o “excesso” de mortes no inverno, que já ronda em torno de 27 mil por ano.

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