domingo, 11 de dezembro de 2011

UNITA inicia terça-feira XI Congresso com os olhos postos nas eleições gerais de 2012



EL - LUSA

Luanda, 11 dez (Lusa) - Com os olhos postos nas eleições gerais de setembro de 2012, a UNITA inicia terça-feira em Luanda o seu XI Congresso, num período em que a unidade no partido está cada vez mais abalada.

Durante quatro dias e sob o lema "Unir para a Mudança em 2012", os cerca de 1100 delegados do congresso vão escolher entre a continuidade do atual presidente, Isaías Samakuva, eleito nos congressos de 2003 e 2007, e o militante de base José Pedro Cachiungo.

Samakuva, de 65 anos, ascendeu à liderança um ano depois da morte em combate do líder fundador Jonas Savimbi, cuja morte pôs fim à guerra civil que dilacerou o país e José Pedro Cachiungo, de 47 anos, antigo diretor de gabinete de Savimbi, protagonizam duas visões diferentes para um partido que atravessa uma das piores crises da sua história de 45 anos.

No congresso de 2003, Samakuva venceu os concorrentes Paulo Lukamba "Gato" e Dinho Chingunji, enquanto em 2007 o derrotado foi Abel Chivukuvuku.

A atual crise foi desencadeada com os resultados eleitorais de 2008, em que o partido perdeu 54 deputados, elegendo somente 16, e viu o rival MPLA, que governa o país desde a independência em 1975, atingir históricos 82 por cento.

A esta crise junta-se o risco de fragmentação do partido, com a eventual criação de outra formação política por elementos que integram o denominado Grupo de Reflexão, e que a confirmar-se ameaça antecipar a vitória do MPLA nas eleições de setembro de 2012.

Desde a fundação, em 13 de março de 1966, em Muangai, na província do Moxico, a UNITA já realizou 10 congressos ordinários, três congressos extraordinários e 16 conferências e ao longo destes 45 anos soube resistir a uma prolongada guerra civil, mas poderá agora soçobrar ao jogo de sombras do período pós-conflito.

Longe vão os tempos da guerra fria, quando as então superpotências Estados Unidos e União Soviética levaram a cabo em África um jogo de influências que conduziu Angola, país rico em recursos energéticos e minerais, aos piores lugares nos índices de desenvolvimento humano.

Alcançada a paz a partir de 2002, depois das falsas partidas de 1989, 1991 e 1994, Angola tem vindo a transformar-se, crescendo e desenvolvendo-se, e atualmente o país é reconhecido como uma das potências emergentes.

Para a história da UNITA, e de Angola, fica uma guerra civil de mais de três décadas, marcada por grandes ofensivas e derrotas militares e pela assinatura de acordos de paz sistematicamente violados: Gbadolite (1989), Bicesse (1991) e Lusaca (1994).

Para a UNITA, enleada nas suas próprias contradições, sobra cada vez menos espaço de intervenção, embora seja ainda o segundo partido mais votado.

O congresso que começa terça-feira servirá para confirmar o declínio ou afirmar a pujança de um partido cuja existência, dado o papel que detém na história dos 36 anos de independência de Angola, ainda lhe é reconhecida.

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