Mafalda Ganhão - Expresso
O ainda líder da CGTP fala do seu futuro profissional, não descartando nem confirmando a hipótese de uma carreira política. Confiante no futuro da Intersindical, promete continuar fiel aos valores de sempre.
Prestes a deixar a liderança da CGTP, Manuel Carvalho da Silva diz sair com "grande confiança no futuro" da Intersindical e no "futuro do movimento sindical português", por ter a certeza que a CGTP "tem bons quadros". Em entrevista à agência Lusa, o ainda secretário-geral não tem dúvidas sobre qual deve ser o caminho a seguir: "Não pode haver hesitações, é preciso trabalhar para a unidade na ação", a forma que defende para enfrentar os ataques aos direitos dos trabalhadores e ao sindicalismo.
Sobre o seu próprio futuro profissional, Carvalho da Silva diz que vai ser professor universitário e investigador na área das ciências sociais, atividades que já exerce na Universidade Lusófona, onde leciona, e como coordenador do polo de Lisboa do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra. "Vou trabalhar com vínculo precário como muitos outros portugueses", disse à Lusa. Mas o líder histórico da CGTP acredita que ser sindicalista "é para toda a vida", pelo que continuará fiel aos mesmos valores.
Carvalho da Silva não descarta a possibilidade de uma carreira política, embora não veja interesse em "especular" sobre o assunto. Questionado sobre o facto de o seu nome ter sido falado para uma eventual candidatura à Presidência da República, o ainda líder da CGTP confessou "não ter uma resposta para isso", preferindo assumir que fará o seu percurso "nas áreas que a sociedade" lhe permitir.
"Satisfação" e "enriquecimento pessoal"
Na mesma entrevista, Carvalho da Silva voltou a criticar o recente acordo de concertação social, por considerá-lo um "recuo nos direitos dos trabalhadores" e um "retrocesso ao 25 de Abril", mas recordou os seus 35 anos de sindicalismo (25 deles como secretário-geral da CGTP) como um percurso que lhe trouxe "enriquecimento pessoal" e "satisfação", por se ter empenhado e esforçado na defesa das causas dos trabalhadores.
"Um dos momentos mais bonitos que esta vida me proporcionou foi o ir ao primeiro congresso do ANC [Congresso Nacional Africano] e ter o prazer de ter estado com Nelson Mandela e de ver o exemplo de democracia participativa que foi esse congresso, em Durban, com as marcas do apartheid ainda nas ruas", destacou.
Na sexta-feira, Carvalho da Silva deixa a CGTP por uma questão de idade, num congresso em que também vão sair mais de metade dos elementos da comissão executiva e mais de um terço dos elementos do conselho nacional. Deixa uma promessa. A vontade de "continuar a ser útil e usar o que aprendeu com os trabalhadores, com o povo, com os sindicalistas e no seu percurso académico.
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