quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

FMI PREVÊ BOAS PERSPETIVAS ECONÓMICAS PARA ANGOLA



Dinheiro Vivo – Lusa, com foto

Fundo Monetário Internacional (FMI) considerou hoje que as perspetivas macroeconómicas de Angola para 2012 são favoráveis, mas a volatilidade do preço do petróleo requer precauções, segundo uma declaração enviada à Lusa.

A declaração é de Mauro Mecagni, que liderou a missão daquela instituição que esteve em Luanda entre 11 e 20 deste mês ao abrigo do pedido de ajuda feito por Angola para reconstituir as suas reservas de divisas, na sequência da crise mundial de 2007 e 2008, ditada pela quebra do preço do petróleo.

A ajuda, concedida em novembro de 2009, consistiu num empréstimo de 1,4 mil milhões de dólares, libertado em seis 'tranches', em que a última será entregue em função da avaliação que a direção do FMI fará ao relatório que a missão liderada por Mauro Mecagni vai fazer.

Todavia, ainda sem resposta definitiva do FMI, a missão que esteve em Angola considera que as "perspetivas macroeconómicas para 2012 são favoráveis na generalidade", para o que destaca o início da exploração de novos campos de petróleo que deverão elevar a produção para mais de 1,8 milhão de barris diários.

"Contudo, as perspetivas são altamente sensíveis à evolução dos preços mundiais do petróleo. A aplicação dos planos orçamentais do Governo deve produzir um decréscimo significativo do défice não petrolífero e ajudar a baixar a inflação para um dígito. Dadas as excecionais incertezas que continuam a pairar sobre a conjuntura mundial, as autoridades estão empenhadas em aumentar ainda mais as reservas externas para reforçar a proteção contra a volatilidade da receita do petróleo", sinaliza Mecagni na sua declaração.

Na sequência dos contactos que manteve em Luanda, com membros do Governo, deputados e representantes das comunidades bancária, empresarial, diplomática e académica, a missão do FMI considerou que a economia angolana continua a recuperar das crises orçamental e da balança de pagamentos ocorridas em 2009.

A estimativa de crescimento em 2011 do Produto Interno Bruto real em 3,4%.

Apesar de algumas dificuldades na produção de petróleo, estima-se que o PIB real tenha crescido 3,4% em 2011, resultante da "forte expansão do setor não petrolífero", e com a inflação a recuar para 11,4% no final do ano.

Assim, e face à subida dos preços do petróleo, a conta corrente externa registou um excedente de 7% do PIB, enquanto as reservas externas alcançaram o equivalente a 5,3 meses de importações no final de 2011.

Relativamente à falta de explicações sobre o saldo residual de 32 mil milhões de dólares (cerca de 25 mil milhões de euros), o FMI acolheu favoravelmente o anúncio da investigação que as autoridades angolanas estão a fazer a esse respeito, e remetem ainda para este ano uma análise mais profunda sobre esta questão.

A este respeito, o FMI adianta a explicação que lhe foi transmitida pelo governo angolano: "os dados preliminares indicam que as operações quase-fiscais realizadas pela (empresa) estatal petrolífera (Sonangol) em nome do Governo, financiadas a partir das receitas petrolíferas mas não registadas nas contas orçamentais, podem explicar grande parte da discrepância".

Mauro Mecagni anuncia que está prevista para o final de março a decisão final da direção do FMI, que permitirá Angola o último desembolso, no valor de 130 milhões de dólares, a parcela que falta do total da ajuda de 1,4 mil milhões de dólares.

Entretanto, na segunda-feira, em Lisboa, o ministro da Economia de Angola, Abraão Gourgel, afastou a hipótese de o país voltar a receber um empréstimo do FMI, admitindo apenas que aquela instituição possa prestar consultoria ao Governo.

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