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São Tomé - Dois terços da população de São Tomé e Príncipe é pobre, revela um inquérito aos orçamentos familiares, realizado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) são-tomense.
O documento sobre o perfil da pobreza de 2010, a que a Lusa teve acesso, indica que "66,2 porcento da população total de São Tomé e Príncipe é pobre".
Ao todo, "66,2 porcento da população total tem uma despesa anual “per capita” inferior a 10.975,730 dobras (pouco mais 448 euros), o que corresponde ao limiar da pobreza estimado para um país", diz o inquérito do INE.
O documento, considerado como "resumo do inquérito aos orçamentos familiar", foi financiado do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e constitui o primeiro inquérito ao orçamento familiar realizado no país.
Para o índice de pobreza as mulheres contribuem mais, com 71,3 porcento e os homens com 63,4 porcento, "todos em consequência de um baixo nível de educação", diz ainda o documento, sublinhando ainda que o empobrecimento da população são-tomense está relacionado directamente com a situação do emprego.
O Governo considera que estes dados "representam um verdadeiro problema nacional", por isso, "toda a nação se deve mobilizar com conhecimento de causa na inversão desses resultados", disse o ministro são-tomense do Plano e Desenvolvimento, Agostinho Fernandes.
O governante considera também que os dados constituem "uma oportunidade particular de reflexão e análise sobre a relação que deve existir entre as nossas acções e o resultado que dela esperamos".
Segundo Agostinho Fernandes, para que de facto se possa inverter o ciclo da pobreza no arquipélago é preciso "rever as estratégias de combate a pobreza" e "concentrar energias e o saber no que realmente conta".
Os distritos de Água Grande, Mé Zochi e Lobata, os três maiores de todo o país, são descritos no inquérito como "os mais afectados pela pobreza".
Elsa Cardoso, directora são-tomense de estatística, explicou à Lusa que o inquérito sobre o perfil da pobreza de 2010 foi elaborado "em conformidade com a metodologia utilizada pelo conjunto de estados membros da África Central".
Reconheceu, contudo, que o inquérito "não esgotou todas as análises possíveis" sobre a pobreza no arquipélago e aconselha o Governo e o financiador "a valorizar os seus dados com a multiplicação de trabalhos de análises mais exaustivos para desenvolver certas temáticas que certamente não foram tratadas neste documento".
O Governo garante que estes dados "são fiáveis" e lamenta que "muitas acções já empreendidas no sentido de reduzir a pobreza que em 2001 assolava o nosso país" não deram o resultado esperado.
Uma fonte do PNUD disse a Lusa que a estratégia para reduzir a pobreza em São Tomé e Príncipe deve incluir políticas como assegurar os preços dos produtos básicos, valorizar a rede de inter ajuda comunitária, melhoria de qualidade dos serviços de saúde e promoção do empreendedorismo.
Uma segunda edição deste inquérito já está em curso e a directora são-tomense de estatística acredita que o mesmo "vai servir de referência para o conhecimento da situação real da pobreza no país".
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