domingo, 15 de janeiro de 2012

Governo português, RTP e Lusa ajudam a branquear o regime de Eduardo dos Santos




Orlando Castro*, jornalista – Alto Hama*

O ministro português que, oficialmente, é Adjunto e dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas, anunciou que a RTP África vai lançar a nova imagem em Luanda, durante a visita que está a fazer a Angola.

A visita de Miguel Relvas a Angola resulta de um "convite da ministra da Comunicação Social que tem como objectivo aprofundar as relações entre os dois países".

Na agenda está a "celebração de acordos entre a RTP e a TPA, a Lusa, onde o Estado tem a maioria, com um grupo de comunicação social em Angola, protocolos na área da formação e do estabelecimento e aprofundamento de relações".

Neste enquadramento, a RTP, particularmente a RTP África, "vai lançar a sua nova imagem em Luanda", e fará "um especial que será transmitido na RTP África, RTP Internacional e RTP1 sobre o reencontro entre Portugal e Angola na área empresarial, na área cultural e na área desportiva".

Nova imagem da RTP África para uma nova imagem de Angola. Tudo ficará na santa paz dos donos dos dois reinos. E dessas duas novas imagens não farão parte, obviamente, os seguintes factos:

- 68% de angolanos são afectados pela pobreza, a taxa de mortalidade infantil que é a terceira mais alta do mundo, com 250 mortes por cada 1.000 crianças;

- Apenas 38% da população tem acesso a água potável e somente 44% dispõe de saneamento básico;

- Apenas um quarto da população angolana tem acesso a serviços de saúde, que, na maior parte dos casos, são de fraca qualidade;

- 12% dos hospitais, 11% dos centros de saúde e 85% dos postos de saúde existentes no país apresentam problemas ao nível das instalações, da falta de pessoal e de carência de medicamentos;

- A taxa de analfabetos é bastante elevada, especialmente entre as mulheres, uma situação é agravada pelo grande número de crianças e jovens que todos os anos ficam fora do sistema de ensino;

- 45% das crianças angolanas sofrerem de má nutrição crónica, sendo que uma em cada quatro (25%) morre antes de atingir os cinco anos;

- A dependência sócio-económica a favores, privilégios e bens é o método utilizado pelo MPLA para amordaçar os angolanos;

- 80% do Produto Interno Bruto angolano é produzido por estrangeiros; que mais de 90% da riqueza nacional privada é subtraída do erário público e está concentrada em menos de 0,5% de uma população; que 70% das exportações angolanas de petróleo tem origem na sua colónia de Cabinda;

- O acesso à boa educação, aos condomínios, ao capital accionista dos bancos e das seguradoras, aos grandes negócios, às licitações dos blocos petrolíferos, está limitado a um grupo muito restrito de famílias ligadas ao regime no poder.

- O presidente do país, José Eduardo dos Santos, está há 32 anos no poder sem nunca ter sido eleito.

* Orlando Castro, jornalista angolano-português - O poder das ideias acima das ideias de poder, porque não se é Jornalista (digo eu) seis ou sete horas por dia a uns tantos euros por mês, mas sim 24 horas por dia, mesmo estando (des)empregado.

Título anterior do autor, compilado em Página Global: SINDICATO CONTESTA ENCERRAMENTO DA “FOCUS”

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