Jornal de Notícias
O ex-candidato presidencial Manuel Alegre acusa o Governo de "atacar dois símbolos da identidade nacional" e não respeitar a independência e a República ao propor a abolição do 5 de Outubro e do 1.º de Dezembro.
"Um Governo que toma uma decisão destas é um Governo que não respeita a independência nem a República. É um acto contra a História e contra a cultura. É um acto anti-história e anti-cultura", disse o histórico socialista, em declarações à Lusa.
O Governo anunciou, esta quinta-feira, que vai propor aos parceiros sociais a eliminação do 5 de Outubro (que celebra a implantação da República em 1910) e do 1.º de Dezembro (Restauração da Independência) da lista de feriados obrigatórios e de igual número de feriados religiosos.
Para Manuel Alegre, esta decisão do Governo é um "atentado cívico contra o país e a República", insistindo que estão em causa "dois símbolos da identidade nacional".
O ex-candidato à Presidência da República considera mesmo que "não se justifica mexer nos feriados cívicos" e que com esta proposta concreta o Governo revela que "não respeita nem a independência nem a República".
Quanto aos feriados religiosos, Manuel Alegre considerou intocáveis o Natal e a Páscoa.
Manuel Alegre encabeçou um movimento contra a extinção de feriados civis tornado público em Dezembro passado.
Na altura, o histórico socialista acusou o Governo, também em declarações à Lusa, de pretender acabar com o feriado de 5 de Outubro por razões "ideológicas" e "revanchistas", advertindo que nem Oliveira Salazar se atreveu a tocar na instauração da República.
"Um país é feito de símbolos e datas como o 1º de Dezembro ou o 5 de Outubro fazem parte da nossa identidade. Nem Salazar se atreveu a tocar no 5 de Outubro", afirmou então.
Manuel Alegre acusou depois o Governo de pretender pôr em prática "uma medida ideológica e revanchista, sobretudo contra o 5 de Outubro".
"Trata-se também de uma medida contra um direito que o povo português conquistou, que é o direito ao lazer, o direito a gozar os seus feriados. Nós não somos escravos", afirmou.
Em relação aos feriados religiosos, Alegre vincou ainda que Portugal "é um país de maioria cristã".
"Portanto, é natural que alguns deles se mantenham", acrescentou.
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