sábado, 28 de janeiro de 2012

Moçambique: 42 HORAS DE AFLIÇÃO



Notícias (mz)

O CENÁRIO na EN1 gerado pelo corte na estrada ameaçava assumir dimensões de uma catástrofe, não fosse a pronta intervenção de vários actores, os quais evitaram que o drama que se avizinhava se tornasse realidade.

Foram mobilizadas para o local todas as forças, nomeadamente a Unidade de Protecção Civil, a Cruz Vermelha, o Instituto Nacional de Gestão das Calamidades, a Direcção Nacional de Águas, Telecomunicações de Moçambique, Caminhos de Ferro de Moçambique, Sistema das Nações Unidas, entre outros actores vitais. Todos estes deram um pouco de si para minimizar o drama.

A Unidade de Protecção Civil (UNAPROC) esteve no local desde as primeiras horas do corte auxiliando as pessoas a transitarem de um lado para o outro da estrada. Em cada dia, pouco mais de 900 pessoas foram transportadas através de barcos e outras tantas de comboio que foi disponibilizado a partir de domingo. Mesmo assim, o problema prevalecia. Centenas de outras incluindo motoristas e viajantes, permaneceram na estrada durante os dias do corte debaixo de todo o tipo de intempéries.

Muitos foram surpreendidos com a notícia já no local do corte e a simples afirmação de que a viagem acabava ali, invariavelmente proferida pelos motoristas, desencadeava uma reacção equivalente a incompreensão entre centenas de viajantes.

A verdade é que muitos tiveram de encarar a realidade com objectividade que se impunha. A acção dos 13 homens da UNAPROC foi, sem dúvida, valiosa, mas a mais importante foi a reabertura do tráfego que aliviou não só os que estavam na estrada como também as províncias de Gaza e Inhambane, que se abastecem em combustíveis e géneros alimentícios a partir da capital.

Duas urnas que, irremediavelmente, tiveram de passar do local nas condições impostas pela natureza fizeram reflectir ainda mais sobre a dimensão dos problemas que uma interrupção de uma estrada nacional que liga o país pode representar.

Mesmo assim, o drama foi aproveitado por alguns para fazer negócio. Para além dos que foram ao encontro dos desafortunados, a quem vendiam refrescos, bolachas e várias guloseimas, todo o segmento de lojas e barracas, quer no 3 de Fevereiro e Manhiça, quer em Incoluane e Macia, onde muitos buscaram abrigo, ficaram a ganhar. Chegou-se mesmo a uma situação de breve ruptura de “stocks” devido ao nível da demanda.

As águas baixaram e os barcos colocados à disposição pela UNAPROC tornaram-se impraticáveis para continuar a dar os seus préstimos. Os motores já não podiam ser accionados. Da comunidade surgiram cinco embarcações a remo, que igualmente deram a sua valiosa contribuição. O que se seguiu foi paulatinamente algumas pessoas começaram a ensaiar a travessia a pé, com as águas ao nível da cintura.

A redução dos níveis e o empenho dos homens no terreno mostravam a esta altura, segunda-feira ao final do dia, a iminente reabertura do troço que viria a acontecer às zero e trinta horas de terça-feira.

Segundo relatos do local, foram necessários, no ambiente de tráfego condicionado, perto de quatro horas para evacuar as viaturas que tinham se acumulado dum e doutro lado da estrada.

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