quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Portugal - Concertação Social: “Não vamos dar tréguas”, garante Carvalho da Silva




Maria José Oliveira – Público, ontem

Junto à escadaria da Assembleia da República, o líder da CGTP convocou os trabalhadores para uma manifestação nacional a 11 de Fevereiro e assegurou que cada uma das propostas do acordo de Concertação Social será “descascada”.

A manifestação que desceu esta tarde do Chiado até ao largo defronte do Parlamento, na qual participaram algumas centenas de participantes, ouviu o secretário-geral da CGTP, Carvalho da Silva, a garantir que a Intersindical tem como “missão” esclarecer o país sobre as medidas inscritas no acordo de Concertação Social, assinado esta manhã.

Carvalho da Silva explicou que o esclarecimento é necessário, uma vez que “as pessoas começam a ficar meio atordoadas” diante de um conjunto de medidas que “continuam a impor trabalho forçado”.

Depois de convocar o país para uma “grande manifestação nacional”, a decorrer em Lisboa a 11 de Fevereiro, o líder da Intersindical garantiu: “Não vamos dar tréguas”, sustentando que, apesar de o Governo ter sido “derrotado” na negociação do aumento em meia hora de trabalho diário, o acordo envolve “manobras ardilosas e cínicas contra os trabalhadores”. “Muita gente ainda não percebeu que os problemas de fundo continuam: os bancos de horas, a redução das férias e dos feriados; a redução das condições de apoio aos desempregados; a facilitação do despedimento”, enumerou.

Carvalho da Silva não nomeou a UGT, que assinou o acordo, mas fê-lo implicitamente quando lamentou que “alguns, não sei se ingénuos ou não, disseram que a meia hora desapareceu, porque estiveram mais de 17 horas a conversar”. No meio da multidão alguém gritou “traidor”. E Carvalho da Silva continuou: “Essa treta não engana ninguém.”

O secretário-geral da Intersindical acusou ainda o Governo de querer fazer uma “profunda alteração da legislação laboral debaixo dos títulos da competitividade, crescimento e emprego”. “É propagandeado ao país que o acordo foi feito por isso”, disse.

Em resposta ao primeiro-ministro, que esta manhã designou o acordo como “um marco decisivo na história do país”, Carvalho da Silva notou: “É um marco que vai ficar na história, mas pela negativa. Não vai dar glória. Este dia vai ficar na história do retrocesso, da regressão, da história contra a dignidade humana e contra a valorização do trabalho. É um dia tristemente histórico.”

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