Carlos Fonseca - Aventar
Todos os políticos, da esquerda à direita, se prestam a caricaturas. Vítor Gaspar, o nosso Ministro do Estado, sublinho do Estado, e das Finanças não é excepção. Por azar seu ou do nome de baptismo, o esforçado e pastoso orador Gaspar não se livra do libelo; então, garantem as más línguas termos à frente das Finanças o “Gasparzinho”.
Nas cerimónias e festejos de posse do actual governo, a comunicação social e membros da actual maioria, em uníssono, proclamavam e publicitavam tratar-se de um homem muito inteligente. Um sábio de qualidades insuperáveis, naquilo que analisava, diagnosticava e decidia como terapêutica económico-financeira para o País.
Todavia, uma coisa é o conto acerca de um companheiro amigo, espécie de ‘Alice no País das Maravilhas’, outra é a actividade e os resultados das acções concretas do protagonista do conto. A demonstrar que entre fama e desempenho, frequentemente, há divergências de monta, a imprensa em geral, aqui, aqui, aqui e aqui – chega bolas! –, divulga que, afinal, o défice deste ano, 2012, se agravará para 5,4% do PIB, em vez dos 4,5% programados com a ‘troika’.
Diz o Governo, certamente influenciado pelo “Gasparzinho”, que em parte o agravamento resulta do pagamento das pensões a bancários, 478 milhões de euros, por força da transferência para o Estado do respectivo fundo; transferência esta que permitiu reduzir mais do que o previsto o défice de 2011 e ainda disponibilizar meios financeiros para pagar em 2012 cerca de 1.500 milhões de dívidas de hospitais – é curioso nunca ouvirmos falar da Madeira nestas contas.
O ora anunciado agravamento do défice, livre da menor crítica de desonestidade intelectual e ausente de comentários blasfemos e de fontes da mesma trincheira, não é nem mais nem menos de que resultado de erros graves e de palmatória do ministro Vítor Gaspar.
Ao 9.º dia do ano, vir a público a notícia que, afinal, o OGE 2012, aprovado pela AR sob proposta governamental e promulgado pelo PR, Cavaco Silva, não está correcto, é grave falha. Pelos vistos ignoraram as consequências na despesa da absorção do Fundo de Pensões da Banca.
O governo e forçosamente Vítor Gaspar usaram música sinfónica para entoar o canto do “Sucesso do Défice de 2011”. Agora, decorridos escassos dias, começam a dizer ao País que as contas de 2012 terão pior resultado do que previsto, sendo necessário lançar mais medidas de austeridade (0,3% do PIB é o número adiantado).
AFINAL QUAL É COMPETÊNCIA E O OBJECTIVO DESTE GOVERNO? Incapacidade de governar e intensificar a austeridade, à imagem do aumento da dosagem morfina a doentes em estado terminal?
Sem comentários:
Enviar um comentário