MSE - Lusa
Díli, 08 fev (Lusa) - O ministro da Educação, João Câncio, disse hoje à agência Lusa que o projeto-piloto para alfabetização de crianças timorenses em línguas maternas vai trazer um desafio para a língua portuguesa.
O projeto-piloto, do Ministério da Educação timorense, patrocinado pela Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), prevê que no início do pré-escolar e durante um período de dois anos sejam utilizadas as línguas maternas (ou locais) como instrumento de transferência de conhecimento.
Segundo o ministro da Educação timorense, o projeto, que tem gerado um aceso debate na sociedade timorense, vai trazer um "desafio para a língua portuguesa".
"Penso que o português deve ser ensinado nos primeiros anos como segunda língua. Embora seja a língua oficial de Timor-Leste, penso que o português não pode ser ensinado como se estivéssemos em Portugal", explicou.
"As crianças em Portugal falam português desde pequenas, nós em Timor não falamos e o desafio está aí", acrescentou o governante depois de ter estado no parlamento para um debate de urgência sobre a questão.
Segundo o ministro, o (ensino do) português deve ser revisto para "ser usado como segunda língua para melhorar a aquisição dos conhecimentos".
O projeto, explicou, foi baseado num estudo que recomenda a utilização das línguas locais para o início da alfabetização, porque nos "primeiros quatro anos as crianças não conseguem ler como se desejava".
"Para o facto de as crianças não conseguirem ler e escrever contribuem muitos fatores, mas um deles é o facto de a língua portuguesa e também o tétum não serem línguas maternas. Pensou-se nos primeiros dois anos no pré-escolar usar simultaneamente as línguas locais como instrumento de transferência de conhecimentos e aquisição de literacia", adiantou o ministro.
"Depois de dois, três anos de início da escolaridade dá-se o início da transição para as línguas oficiais", acrescentou o ministro.
O ministro explicou também que na primeira fase o projeto só vai ser implementado nos distritos de Lautém, Oecussi e Manatuto e que dentro de três anos haverá uma avaliação "rigorosa" para se decidir se é alargado a todo o território nacional.
O projeto-piloto de alfabetização em línguas locais tem provocado um grande debate nacional, com uns a defenderem a sua mais-valia e outros, como a maior parte dos deputados hoje presentes no parlamento, a defenderem que criará discriminação entre as crianças.
O ministro da Educação defendeu que é sempre bom haver debate, mas considerou que há alguma "falta de conhecimento e uma tendência para a politização" da questão.
Quanto à discriminação, o ministro disse não querer antecipar resultados. "Depois do projeto-piloto estar implementado e avaliado, vamos ver", disse.
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2 comentários:
Acorda Portugal! Daqui a uns anos a Língua Portuguesa vai desaparecer de Timor.O MNE timorense andou a fazer de palhaço o seu homologo na sua última visita.
As intenções de Portugal são muito boas mas acordem.
Melhores métodos pedagógicos do ensino do português ajudavam. E estratégias de uso diário da língua também. Mais programas de TV populares, música, muita música popular, portuguesa, brasileira, africana. E empresas lusófonas, muitas. Se não, os leões anglosaxónicos vão comer os timorenses.E eles não estão interessados no desenvolvimento de Timor, apenas na sua fragilidade para lá se espetarem. Vejam o que fizeram na Papua Nova Guiné... Também tem o ensino em língua materna e não sai da cepa torta.
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