O País (ao), editorial
2012 começa com Angola a dar sinais de vitalidade num dos domínios mais relevantes da sua vida como Estado, a cooperação com o estrangeiro.
Sucedem-se os factos que dão boa nota do acutilante trabalho da diplomacia angolana a diferentes níveis, seja desenvolvido por profissionais da área como por várias outras figuras do aparelho de Estado.
Por exemplo, a recente visita do Vice-Presidente da República, Fernando da Piedade Dias dos Santos, ao Vietname, fala bem da actuação notável do Executivo nesse domínio concreto da inserção da nação angolana no mundo. Uma escolha cirúrgica, a um país que sem estar na mediania do palco mediático, ou seja, do qual pouco se tem informação quotidiana, concentra, porém, um potencial de cooperação que nas actuais circunstâncias de Angola, possui importância estratégica para um relacionamento profícuo.
Se não existissem mais referências que esta, bastaria dizer apenas que os hospitais de Angola guardam, entre as suas paredes, evidências claras da utilidade da cooperação com o Vietname. Com efeito, são em grande número os médicos vietnamitas que desfilam sabedoria, competência e humanismo nos centros assistenciais angolanos, numa actuação discreta que vale não pelas parangonas dos jornais mas pelo que traz de efectivo, de real, de positivo, na solução dos problemas de saúde da nossa população. Fora as demonstrações concretas no domínio da assistência médica, o Vietname é também para Angola e demais países com o perfil do nosso, uma cooperação aliciante no campo da agricultura. Naquela nação asiática há um manancial de conhecimento na relação do homem com a terra, com a produtividade dos solos, com a segurança alimentar, que não é avisado menosprezarmos, sob pena de andarmo-nos a bater pela descoberta da roda quando, na verdade, ela há muito existe e auxilia o homem nos seus desafios existenciais.
Mas a viagem do Vice-Presidente da República à terra de Ho Chi Min é apenas um de entre vários pontos assinaláveis no conjunto de actos que reafirmam a abertura ao mundo de Angola. Nas últimas semanas, ouviu-se falar também profusamente de cooperação com Cuba, nomeadamente na audiência que o Presidente da República, engenheiro José Eduardo dos Santos, concedeu ao embaixador daquele arquipélago caribenho, Pedro Ross Leal e, pouco depois, foi notícia o acordo de cooperação com a Federação da Rússia, que vai permitir a formação de quadros angolanos de nível superior, por via da concessão de bolsas de estudo.
Pelo meio, estreitaram-se relações parlamentares com Moçambique, Cuba e Cabo Verde, ao mesmo tempo que surgiu o anúncio da próxima vinda a Luanda de uma missão argentina de cariz político e empresário, que terá à cabeça o ministro das Relações Exteriores, Comércio Internacional e Culto, Hector Timermam.
Para se ter uma ideia da seriedade com que o país das pampas pretende marcar o novo ciclo da sua relação com Angola, bastará notar que a delegação trará até nós uma comitiva com 130 homens de negócios ligados a áreas tão vastas como a indústria, a agricultura, a prestação de serviços e a formação de quadros.
Anda-se numa verdadeira dinâmica de crescimento em Angola, onde tanto vale o estreitar de vínculos com os gigantes do mundo (EUA, China ou Alemanha), mas conta também, e de que maneira, a cooperação com as economias emergentes e até aquelas que, sacudidas pelo tsunami da crise das dívidas soberanas, podem representar uma oportunidade excepcional em sentido biunívoco. É uma roda-viva imparável o caminho de Angola, com as atenções apontadas para Norte e para Sul, visando encontrar em múltiplos cenários de actuação as respostas e os catalisadores que tornam menos demorado e penoso o seu processo de desenvolvimento.
Sem comentários:
Enviar um comentário