Sara Dias Oliveira - Público
Cavaco recusou dar explicações sobre o cancelamento à escola António Arroio. Também não revelou quanto vai receber de reforma do Banco de Portugal.
O Presidente da República, Cavaco Silva, continua sem explicar qual o “impedimento” que o impossibilitou de realizar a visita à escola artística António Arroio, em Lisboa, há precisamente uma semana. Recusou ainda dizer se já sabe quanto é que vai receber de reforma do Banco de Portugal.
Questionado sobre o assunto, ao final da manhã, no arranque do V Roteiro para a Juventude que iniciou no Norte do país, não esclareceu qual a razão que o impediu de visitar a escola que tinha à sua espera uma manifestação de alunos.
Cavaco Silva fala num impedimento de última hora, que não especifica, e faz questão de relembrar o seu percurso político, quase a justificar que não foi a manifestação dos estudantes o motivo pelo qual desmarcou o encontro.
“Quero lembrar que fui primeiro-ministro 10 anos, que no próximo dia 9 vou já completar seis anos de Presidente da República, que disputei múltiplas eleições – até ganhei quatro com mais de 50 por cento, de que muito me honro", recordou. "E, portanto, tenho uma experiência muito acumulada ao longo de todos estes anos em todas as situações e em todos os domínios e até para detectar aqueles sectores que podem contribuir para resolver o principal problema que temos neste momento, que é o problema do crescimento económico, do desemprego”.
No início da sua resposta, o Presidente da República garante que a direcção da António Arroio foi informada desse “impedimento”. “O meu gabinete, no dia próprio, teve o cuidado de informar a direcção da escola de que o impedimento de última hora me impediu de concretizar a visita”.
Questionado pelos jornalistas se já sabe quando é que vai receber de reforma do Banco de Portugal, depois de há algumas semanas ter dito que as pensões mal lhe chegam para as despesas, Cavaco Silva limitou-se a responder: “Neste momento entendo que não devo contribuir de forma nenhuma para aumentar polémicas ou desinformações.”
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Cavaco Silva recusa esclarecer os casos supra citados porque sempre assim aconteceu quando era primeiro-ministro (por mais de 10 anos) e daí ter merecido a alcunha do Tabu Silva. É evidente que o sujeito se revelou um Piegas e alguém que adula o seu umbigo. Esta das “suas” (dele) reformas, que vão aos cerca de13 mil euros e não aos 10 mil como se diz. Já tinha sido ensaiada por ele de outro modo durante a última campanha eleitoral quando uma senhora de idade do povinho lhe disse que as reformas eram de miséria e que ela recebia pouco mais de 200 euros e que trabalhara durante mais de 50 anos. Cavaco respondeu-lhe referindo a injustiça que também lhe caía em cima sobre isso das reformas, dizendo, talvez a título de consolo (parvo!), à idosa do povinho que a sua mulher sempre trabalhara imenso e recebia de reforma à volta de 700 euros, e trabalhara quase 40 anos, dizendo que era pouco, injusto. E por ali ficou. Ele, sempre ele e os seus. Nem que existisse comparação. Evidentemente que não puxou à conversa sobre as reformas que recebe de sua parte... Hipocrisia e enviezamento presidencial quanto baste.
A idosa do povinho trabalhara mais anos que a dona Maria Silva e recebia menos de um terço da reforma da dita primeira-dama presidencial. Só faltou a velhota do povinho lhe dar uma esmola com a peninha que Cavaco tentou suscitar. Ora se a mulher de Cavaco era por ele considerada uma injustiçada relativamente à reforma o que se pode dizer sobre aquela idosa do povinho e dos outros idosos do povinho que trabalharam desde crianças, durante 50 anos e mais e que recebem pouco mais de 100 euros, alguns duzentos, e muitos, mas mesmo muitos, 300 e poucos euros. Se isto é postura de PR… Vamos ali e já voltamos porque este sujeito se fosse minimamente dotado do sentimento vergonha já se teria demitido, ou, então, no mínimo, tinha corrigido a sua postura.
Mas não, em vez disso ele Toca e Foge. Faz Tabus. Perguntam-lhe uma coisa e ele puxa dos “galões” com o seu historial com os governos do betão e do alcatrão mais as negociatas que por aí se falam. E é isto um PR que tem pela frente mais 4 anos de mandato… Haja pachorra, porque ele está ali de pedra e cal.
Sobre o que não especificou relativamente ao cancelamento da visita à escola António Arroio. Diga Cavaco o que disser para encobrir as verdadeiras razões ficámos a saber que se acobardou perante uns miúdos e miúdas que somente iam manifestar-se contra o péssimo estado da escola e da bagunça que vai no Ministério da Educação. Convencido que é da sua superioridade – “nunca me engano e raramente tenho dúvidas” – Cavaco Silva não vai corrigir nada. Com o passar dos anos ainda será pior porque (como reza o adágio) burro velho não aprende… Só teima sempre no mesmo.
Redação - António Veríssimo
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