quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

JONAS SAVIMBI, A MORTE QUE DEIXOU “ANGOLA VIVER EM PAZ”



Sara Sanz Pinto – i online

Faz hoje dez anos que o fundador da UNITA foi morto, após 27 anos de guerra civil

Controverso e sempre de arma em punho, Jonas Malheiro Savimbi foi uma figura incontornável da história de Angola. Fundador da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), em 1966, morreu faz hoje dez anos e com ele uma guerra civil que devastou o país africano durante 27. Mais de 2 milhões de pessoas foram assassinadas durante esse período, um milhão foram mutiladas e 4,3 milhões obrigadas a fugir.

Herói para uns e uma besta para outros, Savimbi foi morto num combate em Locusse, província do Moxico, no Leste de Angola, após ter estado cercado vários dias pelas forças armadas angolanas. Em declarações ao i, Alcides Sakala, porta-voz da UNITA que quase morreu no conflito, afirmou que “Jonas Savimbi continua a ser uma referência incontornável na história de Angola, dada a contribuição na luta pela libertação do país contra o colonialismo português e contra a presença de forças estrangeiras. É também uma referência na luta pela democracia no país, já que, naquela época, no quadro da Guerra Fria, estavam em confronto duas ideologias em Angola – uma sustentada pelo MPLA, que defendia o sistema de partido único, implantado em Angola logo após a independência nacional com o apoio de Cuba e da ex-URSS, e do outro lado a da UNITA, que defendia valores e princípios democráticos com o apoio do Ocidente, nomeadamente dos Estados Unidos”.

Defendendo que o seu combate foi vitorioso, “porque conseguiu implantar em Angola um sistema multipartidário consagrado nos Acordos de Bicesse, assinados em Portugal no início da década de 90”, Sakala disse ainda que o aniversário da morte do antigo líder será assinalado com um colóquio internacional, que contará com a presença, entre outras figuras, de João Soares, e onde será feita uma reflexão sobre a vida e a obra de Savimbi. Também vão estar presentes intelectuais angolanos e representantes do corpo diplomático acreditados em Angola.

Questionado sobre se o antigo líder da UNITA está esquecido, Emídio Fernando, jornalista angolano e autor da biografia “Jonas Savimbi: No Lado Errado da História” respondeu ao i: “Não, de modo algum.” “Savimbi nunca será esquecido. Angola teve duas independências, a primeira a 11 de Novembro de 1975 e a segunda com a morte de Savimbi. A partir do momento em que ele morre, Angola passa a viver em paz. E isso nunca será esquecido.” Descrevendo-o como um homem com “uma ambição desmedida pelo poder absoluto”, Emídio Fernando defende que, se Jonas Savimbi tivesse aceitado os resultados das eleições realizadas em 1992 em vez de continuar a guerra civil “Angola tinha ganho dez anos de paz”.

1 comentário:

Anónimo disse...

É bem verdade que com a presença de Jonas Savimbi fez com houvesse mudanças em alguns aspectos.Entretanto não é facil aceitar algo que não seja real como é o caso das eleições de 1992.

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