sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Moçambique: Força de Intervenção Rápida acusada de agressões a populares em Manica



AYAC - Lusa

Chimoio, 17 fev (Lusa) - Residentes da cidade de Chimoio, capital de Manica, no centro de Moçambique, acusam a polícia antimotim de molestar pessoas durante a noite, denúncias que as autoridades desmentem.

Em declarações à Lusa, Mateus Orlando, residente no bairro 7 de abril, a base da Força de Intervenção Rápida (FIR), instalada em dezembro, aquando da passagem pela cidade do líder da Renamo, para a preparação de manifestações nacionais que não se chegaram a realizar, disse que a força semeou um clima de medo, devido à "agressividade das suas patrulhas" nas ruas.

"Se calhar, por serem demasiados jovens, eles usam força excessiva. Batem com chamboco [chicote de pele de hipopótamo] a pessoas na rua, por falta de bilhete de identidade, ou quando estiveres a circular embriagado. Até param a viatura com a arma virada para a cabeça do motorista", acusou à Lusa Mateus Orlando.

Um dos episódios que chocou a população foi a violência exercida sobre uma enfermeira e o seu marido, um camionista de longo curso.

Este foi de noite ao centro de saúde para buscar as chaves de casa, por ter chegado tarde de viagem. No percurso, da saída do recinto do hospital para a viatura, estacionada em frente do edifício, a enfermeira foi interpelada e "violentamente espancada pelos agentes". Na tentativa de socorrer a esposa, o camionista também sofreu golpes. Ambos tiveram ferimentos.

"Tivemos oficialmente seis queixas, incluindo o espancamento da enfermeira. Pela atuação, reportámos os casos ao comando da FIR, que tomou medidas. Sabemos que três agentes foram punidos", explicou à Lusa Basílio Bassopa, secretário do bairro 7 de Abril.

A população acusa igualmente a força de ter ordenado a "recolha obrigatória" aos moradores do bairro 7 de Abril, a partir das 21 horas supostamente para estabelecer a calma e tranquilidade. Quem for encontrado fora da hora recebe três chicotadas e é mandada embora, disseram.

As autoridades policiais negam as acusações, alegando que a força foi lançada para o terreno para "contribuir no combate à criminalidade", sem no entanto usar instrumentos de sua especialização, escudos e lança granadas de fumo, e confirmam a instauração de um processo-crime e disciplinar contra um agente, por má atuação.

"Pelo plano, lançamos a polícia no terreno a partir das 20 horas, mas isso não significa recolher obrigatória. Os cidadãos estão livres de circular" garantiu à Lusa, Francisco Almeida, comandante provincial da Policia em Manica, assegurando que a instalação do contingente da FIR em Chimoio, no mesmo dia da chegada do líder da Renamo "foi uma mera coincidência"

Apesar das queixas, parte da população felicita o trabalho da FIR, por estar a reduzir o índice criminal na cidade, o que agudiza as desconfianças da polícia de que as "acusações vêm de cúmplices de criminosos".

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