segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

REI DE ESPANHA DEFENDEU OS MILITARES GOLPISTAS DE 1981



António Louçã, RTP

Acaba de vir a público um relatório do antigo embaixador alemão em Madrid, que põe em xeque a imagem do rei Juan Carlos como guardião da democracia nas horas dramáticas de 23 de fevereiro de 1981, quando o tenente-coronel Tejero entrou no parlamento com as suas tropas e, de pistola em punho, gritou aos deputados: "Todos al suelo!"

O rápido desmantelamento do putsch militar foi depois atribuído à desautorização dos golpistas por parte do rei. Faltando-lhes esse apoio, também lhes faltou a adesão de outras unidades com que teriam contado.

A versão que fazia de Juan Carlos uma figura determinante na incruenta derrota dos golpistas foi várias vezes posta em causa, invocando diversos pontos dessa história que não pareciam consistentes. Mas raras vezes essa versão, da democracia salva pela monarquia, terá sido desmentida por um testemunho tão categórico como é o relato do então embaixador alemão em Madrid, Lothar Lahn, que permaneceu secreto durante 31 anos e agora foi revelado em DER SPIEGEL.

O diplomata foi recebido pelo rei escassas semanas após o 23-F (23 de fevereiro) e ficou supreendido porque o monarca "não deixou transparecer nem ira nem repulsa para com os protagonistas [do putsch], antes mostrou compreensão, quando não foi mesmo simpatia".

Na mesma conversa, Juan Carlos defendeu os putschistas com o argumento de que estes "apenas quisram aquilo que todos desejamos, isto é, o restabelecimento da disciplina, da ordem, da segurança e da tranquilidade". E confessou que tencionava exercer a sua influência sobre o Governo e sobre os tribunais miltiares para que "não aconteça nada de mais [aos putschistas], que apenas quiseram o melhor" para o país. E concluiu que a intentona, devia "ser esquecida o mais depressa possível".

1 comentário:

Anónimo disse...

Esse artigo É UMA VERGONHA !!!

Quem iniciou a democratização espanhola foi o rei, que poderia ter governado como um "absolutista" se quisesse. Mas ele preferiu iniciar uma abertura.

Em 1981, os Ministérios espanhóis estavam cheios de FRANQUISTAS, isso mesmo, FRANQUISTAS. O afastamento dessa gente do poder levou muitos anos. Ele foi diplomático, num momento em que FRANQUISTAS ainda estavam participando do governo.

Esse papo de simpatia é dose para elefante. Vai ver, ele estava arrependido de ter acabado com a ditadura fascista. Acredite quem quizer.

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