segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

MERKEL E SARKOZY AUMENTAM PRESSÃO SOBRE ATENAS



Deutsche Welle, com foto

Premiê alemã, Angela Merkel, e presidente francês, Nicolas Sarkozy, pedem que Grécia adote com urgência medidas de austeridade. Apoio de Merkel à candidatura de Sarkozy gera críticas dentro e fora do governo em Berlim.

Alemanha e França voltaram a aumentar a pressão sobre a Grécia. A chanceler federal alemã, Angela Merkel, e o presidente francês, Nicolas Sarkozy, exigiram nesta segunda-feira (06/02) em Paris que Atenas passe à ação e "assuma sua responsabilidade".

As negociações sobre um novo pacote de ajuda à Grécia estão emperradas porque a chamada "Troika", composta por Fundo Monetário Internacional (FMI), União Europeia (UE) e Banco Central Europeu (BCE), exige que Atenas implemente as reformas a que já havia se comprometido.

Em entrevista coletiva após a realização do Conselho de Ministros franco-alemão, Merkel advertiu que "não pode haver acordo se as propostas da Troika não forem implementadas". "O tempo é curto e, por isso, alguma coisa deve ser feita rapidamente", prosseguiu Merkel, ressaltando ser importante que "haja progressos nos próximos dias". Ela afirmou, ainda, não entender "o benefício de se deixar que o tempo passe". "O tempo é curto, e muito está em jogo na zona do euro", argumentou.

Sarkozy alertou que o problema da dívida da Grécia deve ser resolvido "de uma vez por todas". Ele acrescentou, ainda, que os gregos agora devem assumir sua responsabilidade, que "devem adotar as reformas a que se comprometeram".

Fundo especial grego

Ambos os políticos sugeriram o estabelecimento de um fundo especial onde os juros da dívida grega seriam depositados por Atenas e ficariam bloqueados. "Sugerimos que as arrecadações do Estado sejam depositadas em um fundo especial e fiquem bloqueadas, para pagar os juros [da dívida grega]", disse Sarkozy.

"Eu apoio a ideia", sublinhou Angela Merkel. "Os pagamentos de juros necessários à dívida seriam depositados em uma conta especial, para que seja assegurado que a Grécia disponibilizará esse dinheiro de forma permanente", acrescentou a premiê alemã.

O presidente francês disse, ainda, que a cooperação incondicional da Alemanha e da França tornaram possível que "a Europa e o euro não despencassem no abismo de uma crise financeira" e que ele e Merkel concordam que, no início de março, o pacto fiscal com freio da dívida e sanções automáticas poderá ser assinado em Bruxelas.

Chocados com veto a resolução na ONU

Merkel e Sarkozy criticaram o veto de Rússia e China a uma resolução sobre a Síria no Conselho de Segurança da ONU e anunciaram que irão continuar exigindo medidas contra o regime em Damasco. Eles afirmaram que ficaram "chocados" com o fracasso de uma resolução das Nações Unidas contra a violenta repressão de manifestantes na Síria.

Em referência às eleições presidenciais francesas, previstas para ocorrerem em abril e maio, Merkel afirmou que apoia Sarkozy, porque ele pertence a um partido amigo. "Eu o apoio, não importa o que ele faça", sublinhou, argumentando que na Europa "é costume que partidos amigos se apoiem mutuamente".

Críticas ao apoio de Merkel a Sarkozy

O apoio de Merkel a Sarkozy tem sido criticado tanto pela oposição francesa quanto por membros da própria coalizão de governo em Berlim.

Adversário do presidente francês, o socialista François Hollande deseja marcar um dia para ser recebido por Merkel em Berlim, mas a chefe de governo alemã não está entusiasmada com a ideia e não quis dizer se receberá o político francês ainda antes do pleito. "Vamos ver", respondeu, reticente, nesta segunda-feira.

Já o ministro do Exterior alemão, Guido Westerwelle, integrante do Partido Liberal Democrático e vice de Merkel, deixou claro sua desaprovação ao falar à imprensa alemã. "O governo alemão não é um partido na campanha eleitoral francesa", disse, em entrevista à revista Der Spiegel.

O vice-porta-voz do governo alemão, Georg Streiter, negou que o governo em Berlim esteja participando da campanha eleitoral francesa, destacando que a chanceler federal alemã está se engajando pessoalmente, enquanto presidente de seu partido, a União Democrata Cristã (CDU).

MD/dpa/dadp/rtr - Revisão: Carlos Albuquerque

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