terça-feira, 20 de março de 2012

Guiné-Bissau: Cinco candidatos exigem nulidade das presidenciais de domingo



MB – VM – HB - Lusa

Bissau, 20 mar (Lusa) - Cinco dos principais candidatos às eleições presidenciais na Guiné-Bissau, realizadas no domingo, exigiram hoje a "nulidade" da votação e um novo recenseamento eleitoral "credível".

Kumba Ialá, Henrique Rosa, Serifo Nhamadjo, Serifo Baldé e Afonso Té avisaram a Comissão Nacional de Eleições (CNE) sobre as consequências da publicação dos resultados "de um processo fraudulento".

O aviso foi dado por Kumba Ialá, que em conferência de imprensa, falou em nome dos cinco, para dizer que a CNE não pode divulgar os resultados da votação de domingo porque "houve fraude generalizada e corrupção".

"Declaramos que rejeitamos quaisquer tipos de resultados que venham a ser publicados pela CNE que assumira a responsabilidade juntamente com aqueles que tomaram essa decisão", disse Kumba Ialá.

A declaração lida por Ialá resultou de uma reunião decorrida entre estes políticos num hotel da capital guineense.

"Existem graves irregularidades e fortes indícios de corrupção generalizada que desacreditam a consulta de dia 18", referiu a declaração lida por Kumba Ialá.

"Perante o imperativo de transparência, justiça eleitoral e ética política, sem os quais não pode haver legitimidade política, estes candidatos decidem denunciar perante a Comissão Nacional de Eleições, comunidade nacional e internacional, a organização fraudulenta das eleições e a sua total falta de credibilidade", prosseguiu a declaração.

Questionado sobre porque aceitaram participar num escrutínio para o qual não foi feito um recenseamento de raiz, Kumba Ialá disse que sempre denunciaram isso, mas não foram ouvidos pela CNE e pelo Governo.

"No decurso da campanha sempre falamos desse assunto, mas não nos quiseram ouvir, aqueles que estão a dirigir o barco (país). Quem dirige o país é o responsável pelo recenseamento dos cidadãos e da própria CNE", afirmou Kumba Ialá.

Ialá disse também que os seus mandatários tentaram "sem sucesso" apresentar as reclamações nas mesas de voto sobre alegadas irregularidades. E novamente voltou a falar das pessoas que não foram recenseadas para justificar a exigência de nulidade do processo.

"Mesmo que tenha ficado uma única pessoa. Foram quatro anos sem que se fizesse um recenseamento de raiz. Muita gente morreu, outros mudaram de lugares, outros emigraram, outros regressaram dos estudos no estrangeiro. Toda essa gente tem o direito de ser recenseada", observou Kumba Ialá.

Questionado sobre se admite ou teme uma segunda volta, Kumba Ialá disse que tudo dependerá da CNE.

"Isso dependerá de quem dirige o barco. Quem dirige o barco é que se sabe se o combustível que o barco tem é suficiente ou não para levar o barco ao seu porto", frisou Kumba Ialá, explicando que Carlos Gomes Júnior, o líder do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC, no poder) e candidato apontado como estando na liderança da contagem dos votos, não lhe pode fazer frente.

"Não temo uma segunda volta, porque já disse que não tenho adversário político neste país. Talvez os meus adversários possam ser estes senhores que aqui estão, mas não o senhor Carlos Gomes Júnior que estão a fabricar", disse.

Kumba Ialá afirmou não ter gostado também das afirmações do representante especial do secretário-geral das Nações Unidas, Joseph Mutaboba, segundo as quais a oposição devia apresentar provas de fraude nas eleições de domingo.

"O senhor Mutaboba não conhece a Guiné-Bissau mais do que os filhos da Guiné-Bissau. Por acaso conhece Bissun Naga, conhece Tchok Mon ou Tchur Brik? O senhor Mutaboba conhece a realidade das populações dessas localidades? Talvez conheça as ruas de Bissau", afirmou Kumba Ialá.

Embora presentes na sala e na mesa da conferência de imprensa, os outros candidatos (Henrique Rosa, Serifo Nhamadjo, Serifo Balde e Afonso Té) não falaram.

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