Fernando Peixeiro, da Agência Lusa
Bissau, 17 mar (Lusa) - A Guiné-Bissau cumpre hoje o dia de reflexão antes das eleições presidenciais de domingo, marcadas por uma campanha tranquila e sem grandes acusações entre candidatos, o que acontece pela primeira vez.
Ao longo de duas semanas, a campanha decorreu com civismo e não há registo de qualquer incidente, mesmo quando as agendas de campanha levaram candidatos a cruzarem-se, como no caso de Bafatá, onde dois dos principais candidatos, Carlos Gomes Júnior e Kumba Ialá, tiveram comício no mesmo dia e se misturaram alguns minutos.
Uns mais visíveis outros menos, uns a preferir contacto porta a porta outros a privilegiar os grandes comícios, os nove candidatos a Presidente desdobraram-se em contactos por toda a Guiné-Bissau, da capital às tabancas (pequenos aglomerados) mais recônditas.
Na sexta-feira todos convergiram para Bissau, com grandes comícios dos principais candidatos, Carlos Gomes Júnior, Kumba Ialá, Henrique Rosa e Serifo Nahmadjo.
Em comum mostraram todos a vontade expressa de paz e estabilidade para o país, para assim conseguir o desenvolvimento, mas também todos acabaram a fazer promessas que sabem que não podem cumprir, por ser pelouro do Governo e não de um Presidente.
Na campanha destacou-se também a grande mobilização em torno de Carlos Gomes Júnior, o candidato até agora primeiro-ministro e apoiado pelo PAIGC (Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde), que teve também mais meios, como plataformas (camiões com sistemas de som e jovens aos gritos de apoio que circulavam pelas cidades), camisolas, bandeiras e cartazes.
Serifo Nhamadjo seguiu-se em profusão de meios e depois Henrique Rosa. Kumba Ialá começou a campanha com pouca mobilização e propaganda, mas acabou-a também ele a passear viaturas, bandeiras e cartazes.
Tónica comum foi também as críticas a Carlos Gomes Júnior, que esteve até agora no poder, com os outros candidatos a acusarem-no e ao partido de nada terem feito para tirar a Guiné-Bissau da miséria. Incluindo os outros dois candidatos saídos também do PAIGC, o até agora vice-presidente da Assembleia, Serifo Nhamadjo, e o ministro da Defesa, Baciro Djá.
E comum foi ainda a grande adesão popular aos comícios e outras atividades de campanha, fazendo de qualquer momento uma festa.
Nas últimas duas semanas, ao longo das estradas da Guiné-Bissau, muitas delas em estado deplorável onde cada vez que passa um carro se levanta uma nuvem de pó, foi frequente ver grupos de populares de braços no ar, dando vivas a cada veículo com um cartaz, independentemente do candidato em questão.
O país parou mas os guineenses não. Participaram nos comícios, encheram praças e largos, cantaram e dançaram, disputaram lugares nas plataformas onde montaram grandes colunas (às vezes mais de uma dezena), gritaram palavras de ordem, colaram cartazes nos carros e nas motas, montaram espaços de apoio nas ruas.
E os candidatos fizeram o seu papel. Empolgaram as massas, fizeram promessas e a meio da campanha pelo menos os quatro principais começaram a pedir uma vitória logo na primeira volta.
Com o Governo a avisar que não iria tolerar violência, a comunidade internacional foi unanime nas congratulações pela forma pacífica como decorreram os últimos 15 dias.
Hoje cumpre-se o dia de reflexão, a festa segue no domingo.
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