Fernando Peixeiro, da Agência Lusa
Bissau, 02 mar (Lusa) -- No dia do início da campanha eleitoral para as eleições presidências na Guiné-Bissau apenas alguns cartazes, nas principais artérias da capital, indicam que o país vai a votos, e mesmo assim apenas de menos de metade dos candidatos.
Num país pobre, a pré-campanha é também pobre, baseada sobretudo em cartazes com as caras de alguns dos candidatos a Presidente coladas nas zonas de mais movimento de Bissau, onde a grande maioria das ruas passa incólume a esse tipo de propaganda.
As faixas a cruzar as ruas existem mas são ainda de uma companhia telefónica a desejar um bom 2012 aos guineenses, nalguns locais outras esquecidas há anos a anunciar um congresso sobre segurança num hotel da capital.
Em toda a cidade, a Lusa encontrou apenas uma faixa do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), principal partido e que apoia o candidato Carlos Gomes Júnior, a cruzar uma rua esburacada, de terra, no bairro de Sintra.
Na Guiné-Bissau também passou de moda as frases de apoio a candidatos pintadas nas paredes, onde é mais fácil encontrar "lavagem de carro", "kadafi" ou "Messi 10" pintados a tinta branca num muro castanho, do que a palavra "vota", seguida do nome de um candidato.
Nos bairros e no centro de Bissau há muita publicidade, há casas amarelas "de" uma operadora telefónica, há cartazes colados em postes, que em tempos tiveram lâmpadas de onde saía luz à noite, sobre concertos em discotecas. Mas muito pouca propaganda eleitoral.
Na avenida dos Combatentes da Liberdade da Pátria, a principal via de Bissau, que liga o centro ao aeroporto, é onde se concentra a maior parte dos cartazes de campanha, com destaque para Carlos Gomes Júnior, candidato do PAIGC.
Por toda a cidade, a Lusa não viu um único cartaz de campanha de Kumba Ialá, candidato apoiado pelo Partido da Renovação Social (PRS), maior partido da oposição. Apenas na sede do partido, engalanada com bandeirinhas brancas, azuis e vermelhas, um grande cartaz com uma fotografia do candidato indica "Pela Guiné-Bissau" e depois as palavras "Liberdade, paz, democracia".
Na mesma avenida, não muito longe, a sede de candidatura de Henrique Rosa, independente, por cima de uma loja de materiais de construção civil, é mais discreta, sem bandeiras, mas com vários cartazes do candidato independente e as palavras "Guiné Misti Paz" (A Guiné precisa de paz).
É também na Combatentes da Liberdade da Pátria que está a sede de outro candidato, Serifo Nhamadjo, essa ainda mais discreta, apenas com uma grande fotografia do candidato, também do PAIGC mas que concorre à revelia do partido. Nahmadjo a sorrir, uma pomba a voar e a palavra "paz".
Na rotunda da Mãe de Água, que dá início à avenida para o aeroporto, é onde há maior profusão de propaganda. E ali vencem os cartazes de Serifo Baldé, candidato do Partido Jovem, também ele com uma pomba ao lado.
Contas feitas, na cidade inteira é Carlos Gomes Júnior quem tem mais cartazes e mais sedes de campanha, a começar pela do PAIGC, onde por estes dias se junta sempre muita gente. São também bandeirinhas do partido e outras verdes, vermelhas e amarelas. São cartazes a falar de "um futuro melhor", na Praça principal, na avenida, até no edifício sede do Benfica, onde por estes dias a águia símbolo do clube apenas "espreita" quando a deixa o vento que agita a bandeira do PAIGC.
"Voando" mais baixo, há nas ruas de Bissau jovens debruçados, pintando os passeios (que não são muito comuns na cidade) de amarelo, verde e vermelho, as cores do partido no poder. A campanha começa hoje, para uma dezena de candidatos, e as eleições são no próximo dia 18.
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