quinta-feira, 8 de março de 2012

Propostas de Sarkozy para a imigração "vão afetar a comunidade cabo-verdiana"



JYF – Lusa, com foto

Paris, 07 mar (Lusa) - O conselheiro Cultural da Embaixada de Cabo Verde em Paris, David Leite, considera que, a concretizar-se, a promessa de campanha do Presidente Sarkozy de reduzir para metade as entradas de estrangeiros em França "vai afetar a comunidade cabo-verdiana".

O Presidente francês, que volta a candidatar-se às eleições presidenciais, afirmou na terça-feira, num programa da televisão pública, que "há demasiados estrangeiros" no país e prometeu reduzir para metade (de cerca de 180.000 para 100.000) os emigrantes que entram anualmente em França.

Em declarações à agência Lusa, David Leite considerou que uma medida deste tipo afetaria os cerca de 50.000 cabo-verdianos que estima que vivam em França.

"Há muitos cabo-verdianos indocumentantados. E quando se fala em redução do número de entradas, isso quer dizer também um aumento do número de controlos. Vai afetar a comunidade e terá consequências na vida das pessoas", afirmou.

O diplomata disse ainda que, embora seja difícil precisar números, a tendência é para que a presença da comunidade cabo-verdiana em França cresça. Mas estas pessoas, sustentou, são "um falso inimigo" porque "os grandes problemas da França não têm que nada que ver com a imigração".

"Esta é gente que vem para trabalhar e só não trabalha quando não tem trabalho. A imigração cabo-verdiana aqui é muito dispersa e muito heterogénea, vai desde o estudante que nasceu cá até quadros administrativos, advogados, trabalhadores da construção civil", acrescentou.

Nicolas Sarkozy avançou ainda a promessa de, sendo reeleito, fazer depender o reagrupamento familiar e o casamento de um estrangeiro com um cidadão francês das suas condições de rendimento e de alojamento, bem como de um exame de língua francesa e sobre valores da República.

Para além disso, o Presidente candidato anunciou que pretende limitar a atribuição a estrangeiros de subsídios de integração social e de complementos de reformas de velhice apenas a quem tenha residido em França nos 10 anos anteriores e trabalhado cinco anos.

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