RBV (DM) - Lusa
Lisboa, 11 abr (Lusa) -- A Amnistia Internacional, associação de defesa dos Direitos Humanos, criticou hoje a China pela detenção de Ni Yulan, ex-advogada e ativista dos direitos da propriedade e de residência e acusa Pequim de governar pelo medo.
"Este comportamento dos responsáveis chineses leva a Amnistia Internacional a questionar se as afirmações dos dirigentes chineses de que a China está a evoluir para um estado de direito, são sérias ou se, pelo contrário, a China se está a tornar cada vez mais um país governado pela intimidação e pelo medo" diz a AI, em comunicado, acusando Pequim de "persistente perseguição" a Ni Yulan e ao marido, Dong Jiqin.
Na terça-feira, a justiça chinesa condenou Ni Yulan -- que está confinada a uma cadeira de rodas desde que a polícia a espancou em 2002 -- a dois anos e oito meses de prisão por "provocar distúrbios".
A AI acusa as autoridades chinesas de "persistente perseguição" a Ni Yulan e ao marido, Dong Jiqin, por apoiarem quem pretende defender os direitos legais quanto às questões do alojamento.
"Em tribunal, Ni Yulan passou a maior parte do tempo numa maca, com respiração assistida (...) e foram recusadas 10 das 11 testemunhas arroladas", refere a AI.
Ni Yulan e Dong Jiqin foram detidos em abril de 2011, durante uma campanha de Pequim contra dissidentes.
"Ni Yulan tem lutado, na última década, com grande risco, para defender os Direitos Humanos na china. As autoridades devem libertá-la - e ao marido, Dong Jiqin - imediatamente e incondicionalmente", disse no comunicado Catherine Baber, responsável da AI para a Ásia-Pacífico.
Ni, de religião protestante, foi homenageada a 22 de dezembro de 2011 com o Prémio Tulipa dps Direitos Humanos pelo Governo da Holanda.
A filha do casal disse, em dezembro, que as acusações de distúrbios contra os seus pais teve origem numa alegada agressão ao pessoal do hotel onde o casal foi obrigado a hospedar-se durante dez meses, depois de ter sido expropriado.
Ni Yulan, de 51 anos, esteve já presa por duas vezes: em 2002 e em 2008, por um ano e dois anos, respetivamente, por "obstruir o trabalho das autoridades" e "destruir a propriedade pública".
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