JSD - Lusa
Cidade da Praia, 17 abr (Lusa) - O presidente angolano enviou hoje uma mensagem ao seu homólogo cabo-verdiano a pedir o apoio de Cabo Verde na busca de uma solução "que acautele os interesses superiores dos guineenses" e resolva o problema militar na Guiné-Bissau.
A revelação da mensagem foi feita pelo próprio Presidente de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, que falava aos jornalistas antes de receber o primeiro-ministro cabo-verdiano, José Maria Neves, para, inicialmente, dar conta da satisfação pela eleição de Taur Matan Ruak como chefe de Estado de Timor-Leste.
"Recebi há pouco uma mensagem pessoal do presidente angolano (José Eduardo dos Santos) sobre a Guiné-Bissau e que irá merecer toda a nossa atenção. É uma mensagem que procura uma solução que seja durável e que acautele os interesses superiores dos guineenses", afirmou.
"(A mensagem procura também) preservar o processo de democracia, que passa pela resolução do problema militar na Guiné-Bissau e cuja solução, ao que parece, é quase consensual, não será encontrada se também não se encontrar uma saída para o problema dos militares, que têm de se subordinar ao poder político legitimado pelo voto popular", acrescentou.
Jorge Carlos Fonseca nada mais disse sobre a mensagem de Eduardo dos Santos.
Sobre a situação no terreno, e sublinhando que as informações de que dispõe não são muito diferentes das veiculadas pela imprensa, o Presidente cabo-verdiano disse persistir o "impasse", justificando com a ideia de que ainda não há a reposição da ordem constitucional que foi posta em causa pelo golpe militar.
"A situação continua num impasse. Pensa-se na criação de uma força de interposição ou de manutenção de paz, em que estejam envolvidas várias instâncias internacionais, como as Nações Unidas, Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), para que se possa ter uma intervenção desejável e eficaz na Guiné-Bissau", referiu.
"Interessa que haja uma posição firme, decidida e realista da comunidade internacional, qualquer que seja a modelação concreta dessa força", disse, aludindo à criação de uma força envolvendo as Nações Unidas e a CPLP e a CEDEAO.
Questionado sobre o fracasso da mediação do seu homólogo da Guiné-Conacri, Lansana Conté, recusado pelo Comando Militar golpista, e sobre o pedido nesse mesmo sentido feito ao presidente cessante de Timor-Leste, José Ramos-Horta, o chefe de Estado cabo-verdiano recusou entrar em polémicas.
"O que interessa em qualquer processo de mediação é que o mediador tenha as condições para poder trabalhar com todas as partes envolvidas e que seja uma figura aceite por todos, facilitando-lhe assim o trabalho", respondeu, assumindo, porém, que o eventual apoio de Lansana Conte "não deu os frutos esperados".
"O importante é encontrar uma solução que vá ao encontro do interesse dos guineenses e que seja capaz de patrocinar uma solução que garanta estabilidade política e institucional e condições para que, finalmente, a Guiné-Bissau possa trilhar os caminhos do desenvolvimento e de bem-estar para os guineenses", concluiu.
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