sexta-feira, 13 de abril de 2012

São Tomé condena violência em Bissau, quer "maior firmeza" da comunidade internacional



MYB - Lusa

São Tomé 13 abr (Lusa) - O Presidente e o primeiro-ministro de São Tomé e Príncipe criticaram hoje o golpe militar na Guiné-Bissau, com o chefe de governo a defender uma "maior firmeza" da comunidade internacional.

"A Guiné-Bissau tem evoluído de maneira bastante conturbada e talvez seja o momento de a CPLP, CEDEAO, as Nações Unidas, a União Europeia, todas as organizações que têm estado a assistir para a estabilização da Guiné-Bissau, incluindo a República de Angola, mostrarem muito mais firmeza para que se possa de uma maneira definitiva, regressarmos à estabilidade e ao regular funcionamento das instituições", afirmou o primeiro-ministro são-tomense, Patrice Trovoada.

"Estou convencido de que só uma atitude de firmeza levará os militares da Guiné-Bissau, os dirigentes militares da Guiné-Bissau a submeterem-se ao poder politico e a regressarem definitivamente aos quartéis", acrescentou.

O Presidente, Manuel Pinto da Costa, condenou, num comunicado, "de forma clara e inequívoca" o golpe militar e apelou para a "cessação imediata de todos os atos de violência", sublinhando a necessidade de os militares guineenses "respeitarem a legalidade democrática e o valor supremo da vida humana".

Pinto da Costa adiantou que São Tomé e Príncipe "manterá com os seus parceiros da CPLP, nomeadamente com a República de Angola, bem como com a CEDEAO e as Nações Unidas uma estreita articulação tendo em vista o acompanhamento adequado da situação e a busca de uma solução pacífica".

Patrice Trovoada adiantou ainda que "o que está a acontecer na república irmã da Guiné-Bissau é inadmissível" e apelou aos responsáveis para que "voltem a uma atitude mais razoável que é a reposição das instituições legais constitucionais".

O chefe do executivo são-tomense responsabilizou os militares pelas vidas dos dirigentes guineenses presos.

"Temos os golpistas como responsáveis pela vida daqueles que foram presos, nomeadamente o primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior, afirmou Patrice Trovoada.

Na quinta-feira à noite, um grupo de militares guineenses atacou a residência do primeiro-ministro e candidato presidencial, Carlos Gomes Júnior, e ocupou vários pontos estratégicos da capital da Guiné-Bissau.

A ação foi justificada hoje, em comunicado, por um autodenominado Comando Militar, cuja composição se desconhece, como visando defender as Forças Armadas de uma alegada agressão de militares angolanos, que teria sido autorizada pelos chefes do Estado interino e do Governo.

A mulher de Carlos Gomes Júnior disse hoje que ele foi levado por militares na noite do ataque e encontra-se em parte incerta, bem como o Presidente interino, Raimundo Pereira.

Os acontecimentos militares na Guiné-Bissau, que antecederam o início da campanha eleitoral das presidenciais de 29 de abril, mereceram a condenação da União Africana, da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental e de vários países, incluindo Portugal, que exortou os autores do "golpe militar" a libertar os políticos detidos.

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