sexta-feira, 25 de maio de 2012

Apesar de ganhos assinaláveis, desafios continuam gigantescos -- PR Cabo Verde



JSD - Lusa

Cidade da Praia, 25 mai (Lusa) - O Presidente de Cabo Verde considerou hoje que a África conseguiu, desde a criação da Organização da Unidade Africana (OUA, atual União Africana - UA) em 1963, ganhos assinaláveis, mas reconheceu que os desafios do futuro continuam "gigantescos".

Na mensagem alusiva ao Dia da África, que hoje se assinala, Jorge Carlos Fonseca acrescentou que, excetuando a situação do Saara Ocidental, pode-se considerar que a descolonização foi um êxito e que a abolição do "apartheid" (sistema de segregação racial) na África do Sul foi um feito de "relevância inestimável".

No que respeita ao desenvolvimento, à democratização e aos direitos humanos, Jorge Carlos Fonseca admitiu que os avanços são ainda reduzidos.

"A população africana é a mais pobre do planeta, África participa com apenas 1 por cento no PIB mundial e 2 por cento no comércio internacional, apesar de ser o segundo continente em população e extensão e de possuir importantes potencialidades agrícolas, minerais e energéticas", referiu.

Para o chefe de Estado cabo-verdiano, a democratização do continente africano conheceu "alguma evolução positiva" mas é "ainda frágil" e "sujeita a sobressaltos", devido a intervenções militares "muito frequentes".

Face às dificuldades socioeconómicas, problemas étnicos e culturais, a "construção do Estado (em África) tem sido tarefa muito difícil".

O presidente cabo-verdiano é de opinião que as raízes dos problemas atuais devem ser procuradas na forma como "boa parte das elites africanas" tem dirigido os respetivos países.

"Nem sempre os recursos disponíveis são colocados ao serviço do desenvolvimento do país, da institucionalização da democracia, da inclusão social e da multiculturalidade" declarou, aconselhando uma "atenção especial" ao desenvolvimento e à democratização "real".

Sobre Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca sublinhou que, apesar das grandes desigualdades sociais e de um "expressivo caminho" a ser percorrido no quadro do reforço do Estado de Direito, o arquipélago tem conseguido consolidar a democracia e manter um clima de estabilidade política e institucional.

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