Xavier - Bloguer Convidado - Aventar
1. Miguel Relvas, Ministro dos Assuntos Parlamentares, foi ouvido recentemente na Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, na Assembleia da República, a propósito das suas “ligações” ao Ex-Chefe das Secretas;
2. Ex-Chefe das Secretas, que segundo declarações públicas, terá enviado a Miguel Relvas, diversos “clipings” e um plano de Reforma dessas mesmas Secretas, propondo para directores do SIS e do SIED funcionários da sua confiança e nomes que não deveriam assumir cargos dirigentes;
3. O Ministro dos Assuntos Parlamentares, que inicialmente desmentiu a recepção dos ditos “clipings” e do Plano para as Reformar, acabou por admitir agora no Parlamento a recepção via mail dos referidos documentos, aos quais garantiu nunca ter respondido.
4. Chegados aqui, a 1.ª conclusão, é que Relvas mentiu!… E mentiu, porque negou primeiro, o que mais tarde confirmou.
5. A fazer fé na comunicação social, foi a jornalista Maria José Oliveira que em 09.05.2012, denunciou as ligações entre Relvas e o Ex-Chefe das Secretas;
6. Ex-Chefes das Secretas e Relvas que segundo noticias também difundidas são membros da maçonaria.
7. Segundo noticiou o Expresso online, o espião Jorge Silva Carvalho é suspeito de ter recorrido a peritos, para apagar do seu computador dados importantes, para a investigação das secretas;
8. A “limpeza” ocorreu antes do aparelho ter ido parar às mãos do Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP);
9. O DIAP utilizando software do FBI, conseguiu recuperar todos os dados;
10. Dados esses, igualmente referidos pelo Expresso e que incluiam milhares de contactos de figuras públicas e políticas, nomeadamente, aspectos da vida privada e orientação sexual dos visados, e que;
11. A procuradora Teresa Almeida, pese embora considerar a possibilidade e indicios de crime, decidiu arquivar, uma vez que é permitida a existência destas listas para uso pessoal ou doméstico.
12. Posto isto, a questão que se coloca, é se a jornalista Maria José Oliveira, era uma das “figuras” que fazia parte das listas do espião e se a sua vida privada, também teria sido enviada ao Ministro Relvas;
13. E se não fazia, onde é que o mesmo Ministro conseguiu os seus dados pessoais e o “relatório” da sua vida privada, que serviu como “ameaça” e “retaliação” à possibilidade de colocar uma noticia no Público na passada 4.ª feira e cujo conteúdo é desconhecido.
14. Outra questão: Qual a razão porque Miguel Relvas ameaçou fazer um blackout noticioso do Governo contra o jornal e divulgar detalhes da vida privada da jornalista Maria José Oliveira?!…
15. Qual a razão pela qual a direcção do jornal, vem defender o Ministro, afirmando que o mesmo agiu dentro da legalidade, quando foi o próprio Ministro a confirmar as pressões ao apresentar as suas desculpas ao jornal, o que, convenhamos, está longe de ser suficiente para sanar a questão?!…
16. Para terminar: Qual o conteúdo da noticia que tanto preocupou Miguel Relvas, ao ponto de se dar “ao luxo”, e de acordo com o comunicado do Conselho de Redação, de afirmar “que se o jornal publicasse a notícia, enviaria uma queixa à ERC, promoveria um black out de todos os ministros em relação ao “Público” e divulgaria na Internet dados da vida privada da jornalista”?!…
17. O que ficou por esclarecer na Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias?!..
CONCLUSÃO: A serem verdadeiras as noticias que vêm sendo veículadas, o único desfecho possível para o caso de um Ministro que utiliza o poder que a democracia lhe confia para manipular o que uma publicação diz sobre si, ameaçando-a de boicote informativo por parte do Governo que integra, é obviamente a sua demissão. E o lugar de alguém, que usa os serviços secretos, para obter informações sobre uma jornalista, para em seguida a chantagear com vista à obtenção do seu silêncio, não é certamente no Governo. Repito: A ser verdade que tudo isto aconteceu e não me acredito que o Público não tenha reunido as provas que sustentam as suas acusações, fica portanto a faltar bastante mais do que uma simples demissão.
Relvas, a coisa
João José Cardoso - Aventar
A coisa chamada Relvas mentiu na Assembleia da República, foi apanhada por uma jornalista, ameaçou, pediu desculpas de mau pagador, e agora acusa o Público de fazer jornalismo interpretativo. A coisa queria um jornalismo submetido: ele ditava, o jornal publicava e não se falava mais nisso.
Passos Coelho não sacude a coisa do governo, demonstrando duas coisas: que não manda e que já se cansou de ser primeiro-ministro. Não é preciso explicar porque acabam os governos que têm destas coisas, pois não?
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