terça-feira, 15 de maio de 2012

PRESIDENTE INDONÉSIO EM TIMOR-LESTE




Governo local e parceiros de desenvolvimento reúnem-se em Díli. Com um regresso surpreendente

O Governo de Timor-Leste e os parceiros de desenvolvimento reúnem-se na próxima semana em Díli para analisar estratégias para o futuro e a eficácia dos programas implementados no país, refere em comunicado ontem divulgado o executivo timorense.

Segundo o documento, a reunião anual, dedicada ao tema “Uma Nação Desenvolvida Entrega Sucessos, Desafios e Oportunidades para o Futuro”, vai decorrer na terça e quarta da próxima semana no Centro de Convenções de Díli. “O objectivo da reunião é reflectir sobre os sucessos e desafios do desenvolvimento e, ao mesmo tempo, considerar as estratégias direccionadas para o futuro, o reforço do alinhamento e a eficácia do desenvolvimento dos programas implementados em Timor-Leste.”

O encontro é organizado pelo Ministério das Finanças através da Direcção de Eficácia para a Assistência Externa. Participam nas reuniões, que se realizam anualmente, países e organizações internacionais e não-governamentais que desenvolvam acções que contribuam para o desenvolvimento do país.

Nações Unidas, União Europeia, Portugal, Austrália, Estados Unidos, China, Cuba, Japão, Singapura e Banco Mundial são alguns dos parceiros de desenvolvimento de Timor-Leste.

Sete anos depois

No dia 19, o Presidente da Indonésia, Susilo Bambang Yudhoyono, regressa a Timor-Leste sete anos depois da sua última visita, para participar no dia seguinte na tomada de posse do presidente eleito Taur Matan Ruak. Para além da presença na tomada de posse do futuro chefe de Estado timorense, a visita tem como objectivo impulsionar as relações económicas entre os dois países.

O Presidente Susilo Bambang Yudhoyono, que realizou a última visita ao país em Abril de 2005, será também homenageado com a Ordem de Mérito pelas autoridades timorenses.

Fortalecer relações

O ministro da Coordenação Económica indonésio, Hatta Rajasa, disse, citado pelo Jakarta Post, que o objectivo da visita visa um fortalecimento das relações económicas.

Na semana passada, o ministro da Economia de Timor-Leste, João Gonçalves, esteve reunido em Jacarta com o ministro da Coordenação Económica da Indonésia, a quem apresentou um “desenvolvimento económico integrado”.

“Timor-Leste convidou-nos para fornecer materiais para apoiar projectos no sector das infra-estruturas e investir no sector do petróleo e do gás”, disse Hatta Rajasa.

O volume de negócios entre Indonésia e Timor-Leste foi, em 2011, de mais de 2 mil milhões de patacas, tendo aumentado 109,36% nos últimos cinco anos, refere o jornal.

No dia 22 de Maio, o Presidente Susilo Bambang Yudhoyono ........ (interrupção do final da notícia devido ao Boicote de Protesto já anunciado por Página Global - de que poderá inteirar-se em nota de rodapé no final deste compacto)

“Fundação Macau será sempre um parceiro estratégico”

Pedro Galinha - Ponto Final (Macau)

O 10º aniversário da independência de Timor-Leste, assinalado no próximo domingo, vai ficar marcado pela inauguração do edifício sede do Arquivo & Museu da Resistência Timorense (AMRT). Um “sonho antigo” de Xanana Gusmão, revela o director do AMRT, que contou com a parceria da Fundação Macau.

A memória persiste em Timor-Leste e Antoninho Baptista Alves é prova disso. Conhecido publicamente por Hamar, nome de código usado nos tempos de combatente das FALINTIL, o director do Arquivo & Museu da Resistência Timorense (AMRT) recordou ao PONTO FINAL o sacrifício de todo um povo, bem espelhado no espaço que dirige.

Do espólio fazem parte documentos históricos guardados “com a própria vida” da nação que, no próximo domingo, assinala o 10º aniversário da independência. Ocasião que servirá também para inaugurar o edifício sede do AMRT em Díli– um desejo há muito idealizado por Xanana Gusmão que contou com o apoio financeiro da Fundação Macau.

- O Arquivo & Museu da Resistência Timorense (AMRT) foi inaugurado em 2005. No entanto, o edifício sede do espaço só abre portas no próximo domingo, por ocasião do 10º aniversário da independência. Quais foram os grandes desafios que enfrentaram durante estes anos?

Hamar – Em primeiro lugar, é preciso dizer que este projecto é um sonho antigo do primeiro-ministro Xanana Gusmão. Foi o próprio quem apelou ao povo de Timor-Leste que confiasse à guarda do AMRT documentos valiosíssimos sobre a história da resistência timorense. De modo que este legado histórico, hoje à guarda do Arquivo & Museu da Resistência Timorense, só foi possível porque o povo timorense guardou com a própria vida documentos secretos, como cartas trocadas entre guerrilheiros, que a muitos custou a vida de familiares e amigos. Vale a pena lembrar a frase que marcou uma das muitas cerimónias de entrega de documentos em que um senhor, ainda com os documentos nas mãos, nos disse: “Depois de tanta morte, sofrimento e sangue derramado, cuidem destes documentos! Isto é o nosso sangue, a nossa vida.” A recolha destes documentos foi, de facto, o primeiro grande desafio que se iniciou em 2002 com o processo de registo e preservação, no qual foi fundamental o apoio da Fundação Mário Soares e do professor doutor José Mattoso. Seguiram-se depois outros desafios que foram também a nossa estratégia para concretizar este projecto.

- A procura de uma sede?

H. – Em 2004, começou-se a procurar um edifício para a sede do Arquivo & Museu da Resistência Timorense. A escolha recaiu sobre o Antigo Tribunal de Díli, que foi queimado em 1999. Foi necessário adaptar este edifício histórico para ser o guardião da história do povo de Timor-Leste, tendo-se desenvolvido um projecto de reabilitação e ampliação para que pudesse dar resposta a um programa funcional mais adequado às actividades do AMRT. A componente financeira foi outro dos desafios que enfrentámos, antes de mais porque foi necessário sensibilizar o Governo e várias instituições para a importância da preservação da memória da resistência. Por último, há um aspecto que para nós é um desafio constante: sensibilizar a sociedade civil, a nível nacional e internacional, para o facto de que esta é a história do povo timorense e que por isso mesmo não pode ser esquecida. A inauguração da sede do Arquivo & Museu da Resistência Timorense é já no próximo dia 20 de Maio, data do 10º Aniversário da Restauração da Independência. É um momento muito importante para todos nós.

- Neste momento, a colecção do AMRT reúne que espólio?

H. – Até ao momento, já recolhemos cerca de 50 mil documentos, entre correspondência, peças de imprensa, fotografia e, claro, documentos das várias frentes da resistência – Frente Armada, Clandestina, Frente Externa, Juventude, Solidariedade e também a Igreja. Isto para além da recolha de objectos como armas, fardas, equipamentos de comunicações e outros objectos relevantes.

- Recorreram a apoios exteriores na definição dos espaços e das colecções a apresentar?

H. – Na génese da criação deste projecto histórico e cultural está, precisamente, uma exposição sobre a história da resistência. A pedido de Xanana Gusmão, em 2002, a Fundação Mário Soares organizou uma exposição sobre os 24 anos de resistência em Timor-Leste com o título “A nossa vitória é apenas questão de tempo”. Foi apresentada nas ruínas do antigo tribunal colonial português. A primeira exposição permanente do Arquivo & Museu da Resistência Timorense, que será exibida pela primeira vez a 20 de Maio e que se chama “Resistir é Vencer”, é por isso da autoria da Fundação Mário Soares, o que muito nos honra. Teremos também uma exposição temporária organizada pela Secretaria de Estado da Cultura com o título “Bens Culturais de Timor-Leste”, onde objectos da colecção do futuro Museu Nacional serão exibidos. Gostaria ainda de salientar que, sendo este o primeiro projecto deste teor em Timor-Leste, tem uma responsabilidade acrescida na preservação e divulgação da história e cultura do país. Esperamos estar à altura do desafio.

- As peças e documentos reunidos encontravam-se só em Timor-Leste ou chegaram também de outros pontos do mundo?

H. – Até ao momento, a maioria das peças e documentos de que dispomos referentes ao período da resistência estavam em território nacional. Mas acreditamos que outros países, como, por exemplo, a Indonésia, Austrália e Portugal e até mesmo as Nações Unidas, tenham em sua posse documentos valiosíssimos e estamos disponíveis para salvaguardar a memória desses registos tão importantes para a nossa história.

- O AMRT repassa a história de uma das mais recentes nações do mundo e, claro, a memória da resistência. Os espaços que já estão abertos ao público têm recebido muito público nacional? Os turistas também têm revelado interesse?

H. – Sempre foi apanágio desta instituição prestar, através do cumprimento da sua missão, um serviço à sociedade e, em especial, às próximas gerações. Foi por isso que, desde o princípio, as nossas portas estiveram sempre abertas. Como sabe, inaugurámos o AMRT em 2005 e foi com orgulho que desde então recebemos visitas de todos os cantos do mundo. Por aqui passaram os mais ilustres representantes de países e olhares curiosos de alunos, professores e turistas. A todos contámos a história da resistência e é essa a nossa missão para que a luta tão nobre do nosso povo não caia no esquecimento.

- Existem números concretos sobre os visitantes?

H. – Quanto à contabilização dos visitantes, não tem sido essa a nossa prioridade. Vamos fazer esse registo a partir de 20 de Maio porque um projecto consolidado como este merece saborear até as pequenas vitórias. Acreditamos que a inauguração vai atrair muito público. Dos turistas aos estudantes, dos investigadores aos historiadores, estamos aqui para servir o futuro, preservando a memória.

- A Fundação Macau foi uma das parceiras deste projecto. A colaboração é para continuar?

H. – Como director do Arquivo & Museu da Resistência Timorense tenho um apreço enorme pela Fundação Macau e por todas as instituições que, de algum modo, contribuíram para a consolidação deste projecto. A Fundação Macau doou ao todo 500 mil dólares. Também a ela se deve muito do que conquistámos até hoje. É, e será sempre, um parceiro estratégico para o AMRT.

- O mesmo se aplica à Fundação Oriente e à Fundação Mário Soares?

H. – A Fundação Mário Soares é parceira do AMRT desde o início, sem ela nada do que existe até hoje de preservação da memória histórica de Timor-Leste teria sido possível. Quanto à Fundação Oriente, já houve encontros e apresentação de propostas de colaboração. É incrível como a Comunidade de Países de Língua Portuguesa tem sido determinante para a concretização deste projecto.

- A língua portuguesa é presença no AMRT, até por factores históricos ligados à resistência. Sente que o português está a ser “bem tratado” em Timor-Leste?

H. – O AMRT tem como política a utilização das línguas oficias, português e tétum, tal como consta da Constituição da República Democrática de Timor-Leste, em todas as suas comunicações internas e externas. Se olhar para o logo do AMRT, escrito em português e em tétum, verá que o povo de Timor-Leste se orgulha de falar a língua de Camões.

- Já providenciaram contactos no sentido de receber exposições temporárias oriundas de museus estrangeiros?

H. – Com os preparativos para a inauguração, que se insere nas comemorações do 10º Aniversário da Restauração da Independência, ainda não houve tempo de qualidade para estabelecermos esses contactos. Mas estamos disponíveis para receber exposições de todo o mundo. Esse tipo de parcerias estão também previstas no nosso projecto cultural.

- Ao todo, o projecto representou que custos?

H. – Neste momento, ainda não nos é possível dar informações concretas a esse respeito, mas podemos dizer que, nos últimos cinco anos, o Orçamento do Estado da República Democrática de Timor-Leste financiou este projecto em quatro milhões e meio de dólares.

Aviso aos leitores de Página Global

BOICOTE A NOTÍCIAS DE CAVACO SILVA NA VISITA A TIMOR-LESTE E "ARREDORES" – Página Global dá conhecimento aos leitores que em protesto contra a inexistência de uma publicação diária online em língua portuguesa sobre a realidade timorense vai boicotar a publicação de notícias referentes a Timor-Leste que envolvam a visita do PR de Portugal, Cavaco Silva, para as comemorações dos 10 anos da independência do país, assim como todas as outras notícias relativas a Cavaco nesta sua deslocação a países daquela parte do mundo. Consideramos inadmissível que 10 anos após a independência não exista um único órgão informativo em português sobre a atualidade timorense, apesar de a língua portuguesa ser considerada constitucionalmente língua oficial daquele país. (Redação PG)


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