Lusa
Beira, 16 jun (Lusa) - A presidência moçambicana da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) será confrontada com a segurança alimentar, mas os Estados-membros precisam ponderar a adesão da Guiné Equatorial à organização, disse, hoje, à Lusa o secretário executivo da CPLP.
Na Beira, no centro de Moçambique, Domingos Simões Pereira afirmou esperar que na cimeira de julho, em Maputo, os países membros se comprometam com a situação da segurança alimentar no espaço geográfico da lusofonia, um dos indicadores da pobreza grave da população nas comunidades.
"As expetativas são de que as cimeiras são sempre um momento de renovar, avaliar e de projetar. Moçambique terá a oportunidade de liderar (a CPLP), apontando os caminhos para o desenvolvimento da organização no sentido de congregar todos os países com programas comuns relevantes para o povo", disse Domingos Pereira.
Segundo o dirigente, a organização deve continuar a pautar-se pelo humanismo, olhando para vertente social e cidadania dentro das comunidades. E as relações económicas, descritas como tímidas, entre os países "resolvem-se por dinâmicas próprias", tendo em conta as descobertas, sobretudo de recursos minerais.
Numa reação a posições de organizações não governamentais contra a adesão da Guiné Equatorial à CPLP, Domingos Pereira disse que é preciso também respeitar "a responsabilidade" com que os chefes de Estado e de governo têm tratado o assunto, desde a candidatura daquele país, em 2004, situação que tem merecido uma constante apreciação dos critérios da organização.
"Se, até hoje, eles (chefes de Estado e de governo) chegam à conclusão de que os critérios não estão completamente reunidos para uma avaliação positiva, espero que a próxima decisão que será tomada mereça respeito por parte da nossa comunidade incluindo a sociedade civil", disse.
Organizações não governamentais de São Tomé e Príncipe, Cabo Verde, Brasil e Portugal lançaram na semana passada uma campanha contra a adesão da Guiné Equatorial à CPLP, apelando para que seja recusada a candidatura do país na próxima cimeira da organização, a 20 de julho, em Maputo.
As nove subscritoras da carta (entre as quais quatro plataformas, que congregam varias associações), enviada aos chefes de Estado e de governo da CPLP, exigiram que a organização lusófona "imponha critérios rigorosos de liberalização política, boas práticas democráticas e respeito pelos direitos humanos a todos países candidatos".
O movimento cívico, lançado a 11 de junho corrente, considerou que a adesão da Guiné Equatorial à CPLP "visa exclusivamente branquear a imagem de um dos regimes mais violentos de África", de Teodoro Obiang.
Sob o lema "Por uma comunidade de valores", o movimento realçou que não é contra a adesão de outros parceiros à CPLP, mas que se opõe a entrada de "uma das mais brutais ditaduras africanas".
"Não podemos negar a história dos nossos povos. A adesão da Guiné Equatorial à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) pode significar a maneira de exigir que a Guiné Equatorial cumpra os critérios e princípios das comunidades" observou Domingo Pereira.
Esta "é a primeira vez que organizações dos vários países lusófonos se juntam num movimento concertado de defesa dos princípios democráticos e do respeito pelos direitos humanos na CPLP", destacaram em comunicado as ONG.
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