FP - Lusa
Bissau, 14 jun (Lusa) - Um grupo de empresários portugueses reuniu-se hoje com o primeiro-ministro de transição da Guiné-Bissau para lhe dizer que discorda "de muitas atitudes que o Governo português está a tomar" e recebeu promessas de apoio.
O grupo foi constituído por oito empresários que vivem e trabalham na Guiné-Bissau, mas a posição foi subscrita por cerca de 40, disse aos jornalistas o porta-voz do grupo, José António Veloso, empresário da área da construção civil, na Guiné-Bissau há 21 anos e casado com uma guineense.
O Governo português não reconhece o governo de transição da Guiné-Bissau, criado na sequência do golpe de Estado de 12 de abril, e reduziu a representação diplomática em Bissau.
"Nestas situações de conflitos, as tomadas de decisão têm de ser bem analisadas e contextualizadas. A nós, que estamos cá há muitos anos, não nos foi perguntado nada, não tiveram o cuidado de nos perguntar o que achávamos daqui", disse o empresário, que criticou também a forma como foi comunicado o envio de barcos da marinha portuguesa nos dias a seguir ao golpe, o que "criou problemas" no país.
"Viemos transmitir que estamos desejosos de manter bons laços, alguns de nós familiares, com o povo da Guiné-Bissau, de manter o mesmo espírito que tentamos desenvolver no crescimento do país e nas boas relações entre os nossos dois povos", disse José António Veloso aos jornalistas, que acrescentou não ter informado a embaixada ou o consulado de Portugal da iniciativa, porque não acredita nas duas instituições.
"Porque de todas as vezes que precisámos de alguma coisa da embaixada não temos tido resposta capaz", justificou, acrescentando: "durante todo este tempo que cá estamos, o Governo português, que eu saiba, não consulta ninguém" e "Portugal nunca nos apoiou em nada, portanto não contamos com Portugal nestas coisas".
Também em declarações aos jornalistas após a reunião, o ministro da Presidência do governo de transição, Fernando Vaz, garantiu "total apoio e segurança" aos empresários para a continuidade das suas atividades.
"Esta posição é conjuntural. Mais tarde ou mais cedo iremos ao normal curso das nossas relações com Portugal. Foi o que dissemos aos empresários, e ouvimos deles a preocupação do momento que se vive na Guiné-Bissau, que tem a ver com o estarem sozinhos. Mas o Governo está do lado dos empresários portugueses, portanto não estarão sozinhos, estaremos sempre do lado dos empresários portugueses", disse Fernando Vaz.
Os empresários portugueses sempre foram "bem-vindos e irão continuar a ser", e esperamos que outros venham, acrescentou.
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