EL (MME) - Lusa
Luanda, 13 jul (Lusa) - Os ex-militares angolanos que protagonizaram em junho manifestações em Luanda, deram um prazo de 10 dias ao Presidente de Angola para falar sobre os seus problemas e demarcaram-se da manifestação antigovernamental marcada para sábado.
Em comunicado enviado à Lusa, o coordenador da Comissão de Ex-Militares Angolanos (COEMA), general na reserva Silva Mateus, recorda que no passado dia 25 de junho a organização endereçou a José Eduardo dos Santos um memorando em que dava conta das "preocupações" daqueles antigos combatentes.
"Acontece, porém, que o senhor Presidente deslocou-se para o exterior do país no dia seguinte após a entrega do documento referido, tendo regressado somente ontem (dia 11), pelo que pensamos não ter tido ainda contacto com o dossiê", salienta Silva Mateus no comunicado.
Face a esta situação, a COEMA espera que "dentro de 10 dias" possa ter do Presidente angolano "um pronunciamento, uma decisão e/ou orientação".
Relativamente à manifestação antigovernamental marcada para sábado em Luanda, a COEMA alude a apelos à participação dos ex-militares.
"A COEMA não adere a esta manifestação e apela a todos ex-militares para não participarem, por não se enquadrar no âmbito dos nossos objetivos", esclarece Silva Mateus.
Os ex-militares protagonizaram nos passados dias 7 e 20 de junho manifestações não autorizadas em Luanda, tendo a última sido dispersada com tiros para o ar e granadas de gás lacrimogénio.
Em causa estão alegados atrasos no pagamento de subsídios e pensões a um número indeterminado de ex-militares, veteranos e antigos combatentes.
A COEMA surgiu pela primeira vez no passado dia 14 de junho, quando em conferência de imprensa exigiu que as suas reclamações sejam atendidas até antes das eleições gerais em Angola, marcadas para 31 de agosto.
Na ocasião, o general Silva Mateus reconheceu que a resolução das reivindicações poderá tomar ainda algum tempo, mas salientou o facto de alguns dos ex-militares ameaçarem que se nada for resolvido até antes do escrutínio "não haverá eleições".
Os recentes protestos dos ex-militares surgiram na sequência do recente anúncio do pagamento de elevadas reformas a oficiais generais das Forças Armadas de Angola.
Os ex-militares exigem o pagamento dos subsídios a que consideram ter direito e a integração na Caixa de Previdência e Segurança Social do Ministério da Defesa, em vez de continuarem inscritos nos serviços de segurança social dos antigos combatentes ou do regime geral, tutelado pelo Ministério da Administração Pública, Emprego e Segurança Social.
Quanto à manifestação de sábado, o ato de protesto é convocado pelo autodenominado Movimento Revolucionário Estudantil (MRE), organização que tem estado ligada à realização dos protestos contra o regime, desencadeados a partir de março de 2011.
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