domingo, 15 de julho de 2012

Angola: Líder partidário diz que se eleições correrem mal, a culpa é do Presidente



NME/EL - Lusa

Luanda, 13 jul (Lusa) - O líder de uma das coligações concorrentes às eleições de 31 de agosto em Angola, Abel Chivukuvuku, disse hoje que "tudo o que de negativo vier a ocorrer" no escrutínio será da responsabilidade do Presidente angolano, José Eduardo dos Santos.

Abel Chivukuvuku, presidente da Convergência Ampla de Salvação Nacional - Coligação Eleitoral (CASA-CE), dissidente da UNITA, falava aos jornalistas no final de um encontro de duas horas e meia que manteve hoje com o presidente da Comissão Nacional Eleitoral (CNE), André da Silva Neto, a quem manifestou preocupação pela forma como as eleições gerai estão a ser organizadas.

O dirigente da CASA-CE, que se fez acompanhar de vários membros da coligação, frisou que chegou com algumas preocupações, mas saiu do encontro "mais preocupado ainda".

As preocupações manifestadas prendem-se com os votos no exterior e o voto antecipado, bem como com a falta de publicação dos cadernos eleitorais e a entrega do mapa com as assembleias de voto aos partidos.

"Estamos num quadro de total imprevisibilidade, de incerteza, quando nós gostaríamos que a CNE nos desse um calendário, nos tranquilizasse sobre que processos vão ocorrer e que processos não vão ocorrer", disse.

"A CASA-CE considera que tudo o que de negativo vier a ocorrer no atual processo eleitoral, será da única e total responsabilidade histórica, do candidato José Eduardo dos Santos, na sua dupla qualidade de jogador e árbitro no que concerne ao processo eleitoral, mas sobretudo, como controlador absoluto e exclusivo de todas as atuais instituições do Estado", disse Chivukuvuku na declaração que leu aos jornalistas.

A coligação manifestou também preocupação com a intervenção da multinacional espanhola INDRA, empresa encarregue da produção do material eleitoral, cuja escolha, acusam os partidos da oposição, não foi transparente.

"A CASA-CE espera que o Governo do Reino de Espanha incentive e exija da multinacional espanhola INDRA, que se paute por uma postura que garanta a eficácia, lisura, justeza e transparência, na execução do seu papel, enquanto interventor técnico no processo eleitoral angolano", exigiu.

A INDRA foi também a empresa que em 2008 forneceu o material eleitoral, incluindo boletins de voto, para o escrutínio desse ano.

As críticas hoje proferidas por Abel Chivukuvuku ocorrem 24 horas depois de o presidente da UNITA, Isaías Samakuva, ter também denunciado o que considera serem as ilegalidades e irregularidades que estão a marcar a organização das eleições gerais de 31 de agosto.

Samakuva deu à CNE um prazo até ao início da campanha eleitoral, a 01 de agosto, para a correção do que considera estar a ser feito de errado, sob pena de, acentuou, "dificilmente Angola ir às urnas para eleger democraticamente os seus líderes".

Caso contrário, garantiu, a UNITA organizará manifestações de rua em protesto contra a forma como a Comissão Nacional Eleitoral está a organizar o escrutínio.

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