JSD - Lusa
Cidade da Praia, 25 jul (Lusa) - O processo de desenvolvimento de Cabo Verde jamais será posto em causa pela criminalidade organizada transfronteiriça e o arquipélago nunca será um narcoestado, garantiu hoje o ministro da Defesa cabo-verdiano, Jorge Tolentino.
"Essa é uma razão para mantermos de pé todo um sistema de defesa e segurança. Em momento algum poderá pôr em causa o processo de desenvolvimento de Cabo Verde", afirmou Jorge Tolentino, no final de uma reunião com o comandante norte-americano do Africom, Carter Ham.
"Diferentemente do que acontece noutras paragens, Cabo Verde jamais poderá ser um narcoestado ou um Estado que possa sucumbir às pressões ou à atuação da criminalidade transnacional. Os meios são poucos, os recursos são escassos, mas a vontade política é constante e inabalável", acrescentou.
Jorge Tolentino salientou que a vontade política "tem de chegar", razão pela qual as autoridades cabo-verdianas estão em contacto "permanente" com parceiros como os Estados Unidos, Brasil, Espanha e Portugal, entre outros.
Sobre o encontro com Carter Ham, comandante para as Atividades Civis e Militares do Comando Africano dos Estados Unidos (Africom), Jorge Tolentino disse ter manifestado "todo o interesse" de Cabo Verde em reforçar a cooperação no combate ao tráfico de droga e outros ilícitos na África Ocidental e, em particular, no arquipélago.
"São questões que têm a ver com a paz e estabilidade na África Ocidental e no corredor atlântico. Temos preocupações convergentes e há muito que trabalhamos em parceria com os Estados Unidos e outros países. Fizemos um balanço e convergimos no aprofundamento de um aspeto essencial, o da segurança marítima", indicou.
Segundo o ministro cabo-verdiano, Cabo Verde está disposto a "continuar a luta sem tréguas" contra todos os tipos de tráfico, para que os resultados concretos continuem a surgir, disse, aludindo à cerca de tonelada e meia de cocaína apreendida pelas autoridades policiais cabo-verdianas em outubro de 2011.
Rejeitando a ideia de que nada mais foi feito desde então, Jorge Tolentino defendeu que tal poderá ser, "eventualmente, um bom sinal", lembrando que qualquer operação dessa natureza leva "imenso tempo" a montar.
"Envolvem atividades de coordenação de diferentes agências, é um trabalho de toupeira ao longo de vários meses e teremos em breve resultados concretos na luta contra o narcotráfico e outro tipo de tráficos", disse, sublinhando que o Governo está a negociar com o Brasil e com a China a aquisição de meios navais e aéreos.
"Nunca teremos condições para adquirir todos os meios que necessitamos, em aviões e navios. O que é fundamental é continuar na lógica da segurança cooperativa com outros estados e podermos manter no arquipélago uma força regular ao longo de todo o ano para fiscalizar as águas cabo-verdianas", acrescentou.
Jorge Tolentino sublinhou a importância de, além das operações pontuais de fiscalização marítima, ter proposto aos parceiros um calendário que permita, ao longo de todo o ano, haver pelo menos um meio - um avião ou um navio - a patrulhar as águas cabo-verdianas.
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