quinta-feira, 26 de julho de 2012

Ex-militares admitem novos protestos devido a falta de respostas de Eduardo dos Santos



EL - Lusa

Luanda, 25 jul (Lusa) - Os ex-militares angolanos decidem na quinta-feira se voltam aos protestos por falta de resposta do Presidente José Eduardo dos Santos às suas reivindicações, disse hoje à Lusa fonte da organização que os representa.

"O comandante-em-chefe, Presidente José Eduardo dos Santos, ainda não respondeu às nossas preocupações, pelo que vamos agora definir quais os passos a dar", disse o coordenador da Comissão dos Ex-Militares Angolanos (COEMA), general na eforma Silva Mateus.

Silva Mateus frisou que a COEMA ainda não recebeu qualquer resposta de José Eduardo dos Santos à carta que lhe enviou no passado dia 25 de junho, em que eram inventariados os problemas que afetam ex-militares, veteranos e antigos combatentes, alguns dos quais sem receberem as pensões que consideram ser-lhes devidas.

Nessa carta referia-se que, "tendo em conta a urgência dos assuntos aflorados, e as questões colocadas e outras que porventura não tenham sido aqui colocadas", se solicitava a José Eduardo dos Santos "celeridade" na questão, considerando que um pronunciamento do chefe de Estado contribuiria para impedir "as intenções de manifestações públicas dos militares".

Posteriormente foi dado um prazo de 10 dias, que terminou no passado sábado sem resposta da Presidência da República.

Na primeira manifestação em Luanda, a 07 de junho, um grupo de ex-militares começou finalmente a receber as pensões, mas a maioria dos antigos combatentes ainda não sabe quando chegará a sua vez.

Uma semana depois desta manifestação, que chegou às portas da Cidade Alta, zona de Luanda, onde estão sediados vários ministérios e a Presidência da República, os ex-militares organizaram-se e criaram a COEMA, tendo designado Silva Mateus como coordenador e interlocutor.

Na ocasião, em conferência de imprensa, Silva Mateus disse que as reclamações envolvem cinco grupos de ex-militares, todos a reivindicarem o pagamento dos seus subsídios.

"Há indivíduos que dizem que se isso não for resolvido até antes das eleições não haverá eleições", afirmou então Silva Mateus, acrescentando que "o grupo pretende ter respostas concretas, responsáveis".

"Mas já muitos disseram que se até lá não resolverem, 'então no dia das eleições vamos fazer confusão'", acrescentou.

Hoje, em declarações à Lusa, Silva Mateus retomou a possibilidade de se realizar uma grande manifestação a 31 de agosto, dia das eleições gerais em Angola.

"Não é segredo. Os militares disseram que se o Comandante-em-chefe não se pronunciasse se iriam manifestar no dia 31", frisou.

A concertação sobre as futuras intenções dos ex-militares será definida na reunião de quinta-feira, garantiu.

Silva Mateus revelou, por outro lado, que esta manhã uma procuradora-adjunta da República se deslocou ao seu escritório, e que efetuou uma "revista e busca".

"Como esta manhã não fui ao escritório, não sei ainda ao certo o que pretendiam. Se calhar era para me prenderem", afirmou.

Os recentes protestos dos ex-militares surgiram na sequência do recente anúncio do pagamento de elevadas reformas a oficiais generais das Forças Armadas de Angola.

Os ex-militares exigem o pagamento dos subsídios a que consideram ter direito e a integração na Caixa de Previdência e Segurança Social do Ministério da Defesa, em vez de continuarem inscritos nos serviços de segurança social dos antigos combatentes ou do regime geral, tutelado pelo Ministério da Administração Pública, Emprego e Segurança Social.

Sem comentários:

Mais lidas da semana