quinta-feira, 26 de julho de 2012

Organizações da sociedade civil nas províncias angolanas informam sobre as eleições



Deutsche Wele

Com o apoio financeiro europeu e norte-americano, organizações da sociedade civil de Angola apelam no terreno à participação cívica e querem contribuir para a realização de eleições justas a 31 de agosto.

O Conselho das Igrejas Cristãs de Angola (CICA) é uma das organizações da sociedade civil que estão a observar o processo eleitoral em Angola. A organização trabalha nas províncias de Benguela, Kwanza Sul, Luanda e Uíge.

Joana Bartolomeu Vemba coordena um projeto de educação cívica da organização. Em vésperas do início da campanha eleitoral em Angola, a responsável procura esclarecer os eleitores no terreno:

"Informando os eleitores de que o voto deve ser consciente, devendo ser assumido por cada um, e que deve haver respeito mútuo durante a campanha até ao dia 31 de agosto."

Vemba lembra que é preciso respeitar a opinião dos outros, "independentemente de se pertencer a este ou àquele partido" e perceber que "há um objetivo comum que nos une como angolanos."

Apesar de não enviarem missões de observação para Angola, a União Europeia e os Estados Unidos da América apoiam financeiramente projetos como este. O objetivo é promover o diálogo entre o governo e a sociedade civil, educar e mobilizar os eleitores para o ato eleitoral e promover a observação eleitoral.

Combater a falta de informação

Segundo Renato Raimundo, diretor-geral da organização ASD, Ação de Solidariedade e Desenvolvimento, que atua na província da Huíla, a informação sobre as eleições e sobre o processo eleitoral não chega a muitas das pessoas nas zonas rurais.

"O país é grande e uma grande parte das pessoas encontra-se nas áreas rurais, muitas delas são iletradas. Os programas de educação cívica, na maior parte, não chegam a essas áreas". Ou seja, "muitas das pessoas nas zonas rurais não estão bem informadas, sobretudo sobre este novo processo [eleitoral], em função da reforma constitucional, em que não temos eleições separadas - legislativas e presidenciais."

Renato Raimundo diz que a ASD quer trabalhar no sentido de passar essa informação "às áreas mais recônditas do país", na medida das capacidades da organização.

Não vai haver 'maka' grave

Carlos Figueiredo, da ONG de origem canadiana Development Workshop, está otimista:

"Globalmente, não vai haver 'maka' grave", diz. Não deverá haver problemas de maior. No entanto, Figueiredo alerta também para a possibilidade de se registarem episódios de violência no caminho para as eleições.

"É normal num país que viveu tantos anos de guerra e que foi cultivando ao longo de anos uma atitude de muita intolerância em relação às diferentes forças políticas. No passado, cada força política sempre teve uma visão de que os outros eram inimigos. Já não se passa esta mensagem, mas ficou muito dessa mentalidade. É normal que possa haver excessos."

Por isso, é preciso apostar no trabalho de prevenção, refere: "É importante que as várias forças políticas e mesmo outros atores sociais, como as Igrejas ou as ONGs, façam um trabalho de educação para prevenir esse tipo de situações."

Caso estas situações ocorram, continua Carlos Figueiredo, é preciso "que as pessoas vejam que quando há violência, isso não justifica que outro grupo também utilize a violência como forma de retaliação."

Autor: António Cascais - Edição: Guilherme Correia da Silva/ António Rocha

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