quarta-feira, 25 de julho de 2012

Governo não exige “de mais” ao país, diz Passos após vaia em Cantanhede



Maria Lopes – Público, com Lusa

Não é o Governo que está a “exigir de mais” ao país – é antes o tempo que “é muito exigente”. A justificação foi deixada pelo primeiro-ministro no discurso que fez na sessão solene do dia do município de Cantanhede, depois de ter sido vaiado à porta da câmara por cerca de uma centena de manifestantes.

“Sabemos que temos de passar por este processo, não estamos a acelerá-lo de uma forma artificial, não estamos a exigir de mais, mas o tempo é muito exigente”, afirmou Passos já no interior dos paços do concelho. Lembrando a promessa de “romper com o passado” feita quando tomou posse, Passos disse não poder governar como quem conduziu o país para o processo de ajuda externa. Citou José Régio para afirmar: “Por aí não podemos ir” e reforçou – “esse não pode voltar a ser o nosso caminho.”

Aproveitou para criticar “aqueles que, na opinião pública, no mesmo passo criticam e responsabilizam o Governo por “excesso de austeridade e de políticas voluntaristas”, alegando que “são os mesmos que dizem que, se calhar, não vamos conseguir e não está a dar resultado”. Lamentou que esteja “a ser difícil” para logo a seguir deixar um “vamos vencer, vamos passar estas dificuldades.”

À chegada da comitiva de Passos, a fanfarra dos Bombeiros Voluntários de Cantanhede tocava mas não conseguia abafar os assobios e gritos de “mentiroso!” dos manifestantes.

Passos Coelho chegara com 15 minutos de atraso, rodeado de algum aparato de segurança, para a sessão oficial do dia do município e para a inauguração da Expofacic. No largo fronteiro à câmara já o dispositivo da GNR fora reforçado com 30 militares do quartel de infantaria da GNR de Coimbra. Os manifestantes empunhavam bandeiras negras e cartazes com frases contra o Governo, e representavam diversos sindicatos ligados à União de Sindicatos de Coimbra (afecta à CGTP-IN) e o Sindicato dos Professores da Região Centro.

Desta vez Passos não se dirigiu aos manifestantes – embora tenha parado, breves minutos, de frente para eles a ouvir a fanfarra –, mas foi cumprimentado por alguns populares e falou com duas crianças do rancho folclórico da cidade. “Obrigado, é com prazer que venho cá. Hoje é também um dia de festa”, respondeu a uma delas.

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