Orlando Castro*, jornalista – Alto Hama*
Cá para mim, Miguel Relvas é um génio, embora não seja caso único… para bem de Portugal. Importa por isso procurar alguém que se tenha licenciado antes de nascer.
Para esquecer outros, bem mais graves, males da sociedade política do reino lusitano, os portugueses comentam a capacidade, mas sobretudo a velocidade, com que (depois de anos de alergia à Universidade) o ministro Miguel Relvas se licenciou.
Chega, por isso, muito depois do brilhante exemplo dado pelo então Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento (IPAD). A história, digna de registo em letras de ouro, data do início de 2007. Na altura acabara de tomar posse a Direcção do IPAD, criado em Janeiro de 2003, e que por sua vez resultara da fusão entre o Instituto da Cooperação Portuguesa (ICP) e a Agência Portuguesa de Apoio ao Desenvolvimento (APAD).
O exemplo de um dos seus três vice-presidentes, no caso Vera Maria Caldeira Ribeiro Vasconcelos Abreu Marques de Almeida, fez história e, como exemplo paradigmático, merece continuar a ser recordado e aplaudido.
Recorde-se antes que a política de Cooperação Portuguesa e de Ajuda Pública ao Desenvolvimento era coordenada, supervisionada e dirigida, desde Janeiro de 2003, pelo IPAD. No seu diploma constitutivo (decreto-lei nº 5/2003 de 13 de Janeiro de 2003), o IPAD era o instrumento central da política oficial de Cooperação para o Desenvolvimento, tendo como principais atribuições, melhorar a intervenção portuguesa e assegurar-lhe um maior relevo no âmbito da Cooperação, no cumprimento dos compromissos internacionais assumidos pelo Estado Português.
Até aqui tudo bem. Vejamos então a genialidade curricular de Vera Maria Caldeira Ribeiro Vasconcelos Abreu Marques de Almeida.
Nasceu em Setembro de 1969 e com 15 (quinze) anos de idade (ou seja em 1984) iniciou – de acordo com os dados então apresentados no site do IPAD – a “Licenciatura em Relações Internacionais pela Universidade Lusíada de Lisboa», que terminou em 1987.
Para além de se enaltecer o facto de ter começado a Licenciatura com 15 (quinze) anos, importa dizer que a Universidade Lusíada informou que a Licenciatura em Relações Internacionais só começou a ser ministrada em 1986, ou seja dois anos depois da data referida pela vice-presidente do IPAD.
Acresce que a mesma era de cinco anos e não de quatro como diz o curriculum de Vera Maria Caldeira Ribeiro Vasconcelos Abreu Marques de Almeida.
Ainda no campo da genialidade da vice-presidente do IPAD registe-se que ainda em 1984, portanto com 15 (quinze) anos de idade, Vera Maria Caldeira Ribeiro Vasconcelos Abreu Marques de Almeida iniciou dois outros cursos, o de língua inglesa pelo American Institut e o de língua francesa pela Alliance Francaise.
Registe-se, continuando no campo de uma paradigmática genialidade que deve ser reconhecida por todos, que Vera Maria Caldeira Ribeiro Vasconcelos Abreu Marques de Almeida concluiu quer a licenciatura quer os dois cursos de línguas no mesmo ano, 1987.
Sendo a cooperação para o desenvolvimento uma prioridade da política externa portuguesa, onde pontuam os valores da solidariedade e do respeito pelos direitos humanos, nada melhor do que, na altura, ter nos quadros do IPAD um génio como Vera Maria Caldeira Ribeiro Vasconcelos Abreu Marques de Almeida.
Sendo a coordenação da ajuda pública ao desenvolvimento realizada então por um único organismo, o IPAD, que assegura também a supervisão e a direcção da política de cooperação, nada melhor do que, na altura, ter nos quadros do IPAD um génio como Vera Maria Caldeira Ribeiro Vasconcelos Abreu Marques de Almeida.
Sendo o IPAD um instrumento central da política de cooperação para o desenvolvimento, tendo por finalidade, num quadro de unidade da representação do Estado, melhorar a intervenção portuguesa e assegurar-lhe maior relevo na política de cooperação e cumprimento dos compromissos internacionais assumidos pelo Estado Português, nada melhor do que, na altura, ter nos quadros do IPAD um génio como Vera Maria Caldeira Ribeiro Vasconcelos Abreu Marques de Almeida.
Tendo a acção do IPAD em vista a promoção do desenvolvimento económico, social e cultural dos países de língua oficial portuguesa, bem como a melhoria das condições de vida das suas populações, nada melhor do que, na altura, ter nos quadros do IPAD um génio como Vera Maria Caldeira Ribeiro Vasconcelos Abreu Marques de Almeida.
Perante isto, obter uma licenciatura de três anos num só não me perece, desculpe lá senhor ministro Miguel Relvas, nada de especial. Não deixa, contudo, de ser um caso que dignifica a capacidade dos portugueses.
* Orlando Castro, jornalista angolano-português - O poder das ideias acima das ideias de poder, porque não se é Jornalista (digo eu) seis ou sete horas por dia a uns tantos euros por mês, mas sim 24 horas por dia, mesmo estando (des)empregado.
Título anterior do autor, compilado em Página Global: E O POVO, SENHOR PRESIDENTE?
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