Na reta final da campanha para as eleições gerais de 31 de agosto, o MPLA apostou em encher o estádio 11 de Novembro. Partidos da oposição optam pelo contato com o eleitorado. Mas a população está indiferente.
Deutsche Welle
Partidos queimam últimos cartuchos na conquista do voto
Na reta final da campanha para as eleições gerais de 31 de agosto, o MPLA apostou em encher o estádio 11 de Novembro. Partidos da oposição optam pelo contato com o eleitorado. Mas a população está indiferente.
Esta quarta-feira (29.08) é o último dia que as nove forças políticas, que concorrem ao pleito, têm para conquistar o voto dos eleitores angolanos, que vão às urnas na próxima sexta-feira (31.08).
Na contagem decrescente para as eleições, Luanda tem estado “calma”. É assim que o enviado especial da DW África às eleições angolanas, António Cascais, encontrou a capital. Por esta altura, “muitas empresas fecharam, nestes dias, por causa das eleições, muitas repartições também [estão encerradas], as aulas nas escolas estão também interrompidas, por decisão do governo. Alguns angolanos queixam-se que os filhos deixaram de fazer exames importantes por causa desta decisão”.
Nas ruas de Luanda, a população está pouco entusiasmada com o terceiro sufrágio no país, pois “muitos angolanos deixaram de acreditar que estas eleições podem, de facto, trazer mudanças, ao contrário do que acontecia em 2008”, refere o repórter António Cascais.
As pessoas vivem “com um misto de indiferença e algum fatalismo” estas eleições, prossegue o jornalista. Em reportagem no bairro Azul, em Luanda, há opiniões unânimes, por exemplo, um habitante disse acreditar que “o partido que está no poder vai ganhar outra vez. No fundo, vem sempre a mesma coisa”.
Na contagem decrescente para as eleições, Luanda tem estado “calma”. É assim que o enviado especial da DW África às eleições angolanas, António Cascais, encontrou a capital. Por esta altura, “muitas empresas fecharam, nestes dias, por causa das eleições, muitas repartições também [estão encerradas], as aulas nas escolas estão também interrompidas, por decisão do governo. Alguns angolanos queixam-se que os filhos deixaram de fazer exames importantes por causa desta decisão”.
Nas ruas de Luanda, a população está pouco entusiasmada com o terceiro sufrágio no país, pois “muitos angolanos deixaram de acreditar que estas eleições podem, de facto, trazer mudanças, ao contrário do que acontecia em 2008”, refere o repórter António Cascais.
As pessoas vivem “com um misto de indiferença e algum fatalismo” estas eleições, prossegue o jornalista. Em reportagem no bairro Azul, em Luanda, há opiniões unânimes, por exemplo, um habitante disse acreditar que “o partido que está no poder vai ganhar outra vez. No fundo, vem sempre a mesma coisa”.
Na mesma linha de pensamento, um outro cidadão afirmou: “já sabemos que o MPLA já ganhou mesmo [as eleições]. Para mim, o MPLA vai continuar mas nós esperamos uma mudança”. Apesar de antever o resultado, este homem considera que é preciso ir às urnas: “o voto nós temos que dar para que o país melhore, porque é esse o objetivo de todo o cidadão angolano. Esperamos que [o novo governo] dê mais apoio à juventude, porque nós precisamos”.
Ouvido pela DW África, outro residente do bairro Azul gostava de ver mudança no país, pois “o Presidente vê-se que já está há muito tempo e deixava o cargo para outra pessoa. Vejo que é muito o tempo em que ele já está a governar o nosso país”.
Há 32 anos no poder, José Eduardo dos Santos é o segundo chefe de Estado há mais tempo no poder em África. Mesmo assim, um cidadão de Luanda opta pela continuidade: “vou votar no presidente José Eduardo dos Santos”.
Na opinião de outro angolano, Eduardo dos Santos “está bom” no cargo que ocupa, acrescentando com certa indiferença que “se ele continuar está bom; se ele não continuar também está bom”.
Campanha a corta-fitas
Ouvido pela DW África, outro residente do bairro Azul gostava de ver mudança no país, pois “o Presidente vê-se que já está há muito tempo e deixava o cargo para outra pessoa. Vejo que é muito o tempo em que ele já está a governar o nosso país”.
Há 32 anos no poder, José Eduardo dos Santos é o segundo chefe de Estado há mais tempo no poder em África. Mesmo assim, um cidadão de Luanda opta pela continuidade: “vou votar no presidente José Eduardo dos Santos”.
Na opinião de outro angolano, Eduardo dos Santos “está bom” no cargo que ocupa, acrescentando com certa indiferença que “se ele continuar está bom; se ele não continuar também está bom”.
Campanha a corta-fitas
O MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola), no poder desde a independência de Angola, em 1975, é frequentemente tido por analistas políticos, membros da sociedade civil e por populares como o natural vencedor das eleições. Mesmo assim, o partido, liderado pelo Presidente e candidato José Eduardo dos Santos não esmorece na campanha.
No último dia, o MPLA organizou um grande comício. De acordo com o enviado especial às eleições angolanas da DW África, “o partido no poder encerra a campanha com uma festa no estádio 11 de Novembro [em Luanda], que contou com a presença do chefe de Estado José Eduardo dos Santos”.
O ativista e jornalista angolano Rafael Marques não poupa críticas à campanha do MPLA. Em conversa com António Cascais, em Luanda, Marques aponta que a campanha tem sido feita “usando todos os meios do Estado, obrigando os funcionários públicos a encher o estádio, concedendo-lhes tolerância de ponto”.
Por isso, refere Marques, “esta campanha tem tido custos muito elevados para a administração pública porque onde o Presidente passa declara-se tolerância de ponto, porque é a única forma de o Presidente conseguir ter milhares de pessoas num comício, de outra forma as pessoas não iriam”.
A campanha do MPLA tem sido marcada por várias inaugurações. Na terça-feira, 28 de agosto, no aniversário de José Eduardo dos Santos, o dia “foi marcado por mais uma inauguração de uma obra na cidade, a nova marginal”, na baía de Luanda, como constatou o jornalista da DW África António Cascais.
No último dia, o MPLA organizou um grande comício. De acordo com o enviado especial às eleições angolanas da DW África, “o partido no poder encerra a campanha com uma festa no estádio 11 de Novembro [em Luanda], que contou com a presença do chefe de Estado José Eduardo dos Santos”.
O ativista e jornalista angolano Rafael Marques não poupa críticas à campanha do MPLA. Em conversa com António Cascais, em Luanda, Marques aponta que a campanha tem sido feita “usando todos os meios do Estado, obrigando os funcionários públicos a encher o estádio, concedendo-lhes tolerância de ponto”.
Por isso, refere Marques, “esta campanha tem tido custos muito elevados para a administração pública porque onde o Presidente passa declara-se tolerância de ponto, porque é a única forma de o Presidente conseguir ter milhares de pessoas num comício, de outra forma as pessoas não iriam”.
A campanha do MPLA tem sido marcada por várias inaugurações. Na terça-feira, 28 de agosto, no aniversário de José Eduardo dos Santos, o dia “foi marcado por mais uma inauguração de uma obra na cidade, a nova marginal”, na baía de Luanda, como constatou o jornalista da DW África António Cascais.
Segundo o ativista Rafael Marques “esta é a segunda inauguração que se faz na baía. A primeira foi a da ponte, primeiro inaugurou-se a ponte ou a rotunda e agora inauguram-se os jardins. É uma brincadeira, não faz grande sentido, porque o Presidente está, neste momento, a confundir o seu aniversário como a data da independência de Angola. Em segundo, está a fazer inaugurações como Presidente e a falar como candidato do MPLA”.
Ainda na terça-feira (28.08), José Eduardo dos Santos inaugurou a Mediateca de Luanda e uma unidade de saúde no bairro de Katintom, na capital angolana.
A oposição está em contato com os eleitores
No derradeiro capítulo da campanha eleitoral, a UNITA (União Nacional para a Independência Total de Angola), considerado o principal partido da oposição, está em contato, no terreno, com o eleitorado nas capitais provinciais do Huambo e Bié.
Ainda na terça-feira (28.08), José Eduardo dos Santos inaugurou a Mediateca de Luanda e uma unidade de saúde no bairro de Katintom, na capital angolana.
A oposição está em contato com os eleitores
No derradeiro capítulo da campanha eleitoral, a UNITA (União Nacional para a Independência Total de Angola), considerado o principal partido da oposição, está em contato, no terreno, com o eleitorado nas capitais provinciais do Huambo e Bié.
A Convergência Ampla de Salvação de Angola-Coligação Eleitoral (CASA-CE), liderada por Abel Chivukuvuku, está em Luanda para contactos diretos com o eleitorado em vez do tradicional comício.
A estas eleições concorrem ainda o Partido de Renovação Social, a Frente Nacional de Libertação de Angola, o Partido Popular para o Desenvolvimento, o Conselho Político da Oposição, a Nova Democracia e a Frente Unida para a Mudança de Angola.
Há imperfeições no processo eleitoral
A estas eleições concorrem ainda o Partido de Renovação Social, a Frente Nacional de Libertação de Angola, o Partido Popular para o Desenvolvimento, o Conselho Político da Oposição, a Nova Democracia e a Frente Unida para a Mudança de Angola.
Há imperfeições no processo eleitoral
O presidente da Comissão Nacional Eleitoral (CNE) angolana, Silva Neto, reconheceu, na terça-feira (28.08), a existência de "imperfeições" na organização das eleições gerais de sexta-feira. A garantia foi dada pelo chefe da Missão de Observação Eleitoral da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Leonardo Simão, depois de um encontro com Silva Neto.
Leonardo Simão encontrou-se ainda com a equipa de 10 observadores da missão da CPLP que vão ser distribuídos por seis das 18 províncias angolanas. No dia 2 de setembro será divulgada a posição da CPLP relativamente à forma como decorreu o processo eleitoral e a votação.
Além da CPLP, a União Africana e a Comunidade de Desenvolvimento dos Países da África Austral (SADC) também enviaram missões de observação às eleições.
Autor: António Cascais / Glória Sousa - Edição: António Rocha
Leonardo Simão encontrou-se ainda com a equipa de 10 observadores da missão da CPLP que vão ser distribuídos por seis das 18 províncias angolanas. No dia 2 de setembro será divulgada a posição da CPLP relativamente à forma como decorreu o processo eleitoral e a votação.
Além da CPLP, a União Africana e a Comunidade de Desenvolvimento dos Países da África Austral (SADC) também enviaram missões de observação às eleições.
Autor: António Cascais / Glória Sousa - Edição: António Rocha
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