terça-feira, 11 de setembro de 2012

NEGRITUDE OCULTA SEM OPOSIÇÃO A ATUALIDADE TIMORENSE

 

Beatriz Gamboa
 
Publicada há poucas horas no site Sapo Timor-Leste consta uma notícia traduzida do tétum para português com origem no jornal timorense Suara Timor Lorosae em que o “Secretário Estado da Comunicação Social, Nélio Isaac Sarmento afirmou que a prioridade número um será a criação da lei da imprensa e consequentemente o governo não irá interferir na Comunicação Social”. Reforça e explica: “A lei da imprensa é importante e o próprio governo não irá interferir no serviço prestado pelos media”. Pois que assim seja.
 
“Nélio Isaac acrescenta ainda que é importante a formação de jornalistas assim como aumentar os recursos humanos no seio da comunicação social local”, refere ainda Sapo TL na tradução da notícia. Pois que assim seja.
 
Aquilo que ninguém aborda em Timor-Leste nem na lusofonia, composta por algumas centenas de milhões de falantes em português, é a ausência de notícias sobre a atualidade timorense. Nélio Isaac também não fala nisso.
 
Miguel Relvas, o ministro vigarista de Portugal (assim aqui referido por não ser dr. mas assim se deixar intitular em placas de inaugurações desde há muitos anos) visitou há dias o país, mas sobre a hecatombe provocada pela Agência Lusa em não noticiar a atualidade timorense para o mundo lusófono nada disse. Afonso Camões, seu par na viagem a Timor-Leste, o dirigente máximo da Lusa, também disso fez tabu. Nem houve um único jornalista que ao menos naquele momento, naquela visita, lhe pusesse tal questão. Era simples: porque razões não existem notícias em português sobre Timor-Leste? A não ser que uns quantos considerem o Sapo TL algo que tenha efetivamente que ver com “notícias em português sobre o país”. É que todos sabemos que não tem. Sabemos, vimos, que uma vez por outra lá aparece algo da atualidade (em português) mas muito mitigado.
 
Poderá argumentar-se que essa não é a função de Sapo TL. Verdade. Pois não é. Não compete a Sapo TL armar-se em agência de notícias de Portugal, quando é a Agência Lusa que tem essa obrigação estatutária (se quisermos ver) e por isso consome uma parte substancial do orçamento suportado pelos contribuintes portugueses, abarrotando as contas bancárias de uns quantos pseudo-dirigentes competentes, como é o caso de Afonso Camões e de outros.
 
Em abono da verdade sabemos que a publicação online Sapo TL é suportada por uma única pessoa e que tem imensas limitações de vária ordem para que possa melhorar muito mais o serviço que presta.
 
Estamos então perante uma enorme fantochada em que sob a recusa de certos lusófonos serem os fantoches eleitos de governantes incompetentes e de dirigentes sem coluna vertebral nem competência (chulos do orçamento) a maioria não parece estar interessada em defender a língua portuguesa que ali, em Timor-Leste, é posta abaixo de cão no que respeita a comunicação social online e mesmo no país. Por isso vimos aqui, e quase só aqui, reclamar sobre o silêncio que existe da atualidade timorense ditado pela Agência Lusa.
 
Por parte das entidades timorenses com responsabilidades na matéria também não vimos vontade de mudar a situação neste aspeto. Afinal os timorenses estão a fechar-se neles próprios com a sua língua esquecendo-se que são pouquíssimos os que no exterior a entendem e que nem existe modo de a traduzir como o inglês ou o português. Isolam-se estupidamente do mundo e nem reparam que o estão a fazer. Nem percebem que urge optarem pelo português ou pelo inglês (como decidirem) para se abrirem ao mundo com a vasta atualidade sobre o país. A negritude oculta ao mundo a atualidade timorense sem oposição. Pois que assim não seja.
 
*Imagem RTP
 

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