quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Guiné-Bissau: MUTILAÇÃO GENITAL FEMININA, PR FANTOCHE ESTÁ “MUITO TRISTE”

 


Mutilação genital feminina ainda afeta metade das mulheres da Guiné-Bissau - Governo
 
03 de Outubro de 2012, 13:54
 
Bissau, 03 out (Lusa) - A Mutilação Genital Feminina afeta 50 por cento das mulheres na Guiné-Bissau, um ano depois de aprovada uma lei que a proíbe, alertou hoje em Bissau o ministro da Saúde do Governo de transição, Agostinho Cá.
 
"Não é admissível que a cultura seja utilizada como justificação para o sofrimento de parte da população", disse o ministro, na abertura da "Conferência Islâmica para o abandono da mutilação genital feminina", que durante dois dias junta em Bissau especialistas sobre a prática, muito comum especialmente em África.
 
Domingas Gomes, presidente de uma organização não-governamental (Sini Mira Nassique) que há mais anos luta contra a prática da excisão na Guiné-Bissau, concorda com o número apresentado pelo ministro, exponenciado pela presença de populações de países vizinhos.
 
Num inquérito feito pela ONG no ano passado resultou que 44,5 por cento das mulheres guineenses eram mutiladas, mas neste momento a responsável acha que pode ser 50 por cento, "por causa de pessoas dos países vizinhos que estão a excisar as suas crianças às escondidas".
 
Também presidente do projeto DJINOPI (Djintis nô pintcha, que em português quer dizer "Pessoal, vamos em frente"), que junta organizações que lutam contra a excisão genital feminina e que é apoiada pelo WFD (Weltfriedensdienst, Serviço Comunitário para a paz mundial, de origem alemã), Domingas Gomes garante: apesar da lei que a proíbe, a excisão continua a ser feita na Guiné-Bissau.
 
"Sabemos que não há aquele número de barracas (para praticar a excisão) como antes, mas continuam a fazer a excisão feminina às escondidas", e agora "de forma muito mais perigosa" porque sem controlo, disse a responsável, considerando que a lei (de setembro de 2011) é importante mas que o "trabalho essencial" é a sensibilização das comunidades.
 
"Se têm conhecimentos vão deixar de fazer mas por causa da lei não estão a cumprir. Só com a lei vão continuar a fazer aquilo que querem, porque mutilar uma criança no seu quarto ninguém vai saber. O pilar mais forte é consciencializar", advertiu.
 
Por isso, considerou que é importante trabalhar com os líderes religiosos, que "são pessoas credíveis nas suas comunidades". E esse é o objetivo da conferência que hoje começou, apoiada pelo DJINOPI mas também pela TARGET, outra organização não-governamental alemã que luta contra a mutilação, pelas Nações Unidas e pelo Conselho Superior dos Assuntos Islâmicos da Guiné-Bissau.
 
Nela vão participar, ao longo de dois dias, nomes como Mohamed Shama, professor de estudos islâmicos no Egito, Mahamadou Diallo, presidente da Associação Maliana para a Paz e Saúde, Muhamadou Sanuwo, imã gambiano, ou Ousmane Sow, da Rede Islâmica e da População, do Senegal.
 
Pela TARGET-Direitos Humanos estão Tarafa Baghajati (consultor) e o próprio presidente da organização, Ruediger Nehberg. E também Tcherno Embaló, presidente do Conselho Superior dos Assuntos Islâmicos na Guiné-Bissau, e Malam Djassi, vice-presidente do Comité Nacional para o Abandono das Práticas Nefastas contra a Mulher e a Criança.
 
Do trabalho que produzirem em dois dias espera-se que saia uma declaração (Fatwa), anunciada na próxima sexta-feira numa das mesquitas de Bissau.
 
A UNICEF estima que a excisão genital, o corte do clitóris, é uma prática que atinge 45 por cento das guineenses entre os 07 e os 12 anos. A excisão pratica-se essencialmente pela comunidade islâmica, mas também por alguns grupos animistas.
 
Na Guiné-Bissau a prática é mais frequente na zona leste, nas regiões de Bafatá e Gabu. Também se pratica nas regiões de Oio e Cacheu (norte), Quinara, Tombali (sul) e Bolama-Bijagós. É transversal praticamente a todas as etnias.
 
FP // VM.
 
Guiné-Bissau não merece o que aconteceu na ONU - Presidente de transição
 
03 de Outubro de 2012, 18:55
 
Bissau, 03 out (Lusa) - O Presidente de transição da Guiné-Bissau, Serifo Nhamadjo, afirmou-se hoje "muito triste" por ter sido impossibilitado de falar nas Nações Unidas e disse que o país "não merece" o que se passou na semana passada na ONU.
 
Serifo Nhamadjo chegou hoje a Bissau depois de ter estado em Nova Iorque, com a intenção de discursar na 67.ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas.
 
No entanto, quem foi credenciado para representar o país foi Raimundo Pereira, Presidente interino deposto no golpe de Estado de 12 de abril passado e que vive atualmente em Portugal.
 
*O título nos Compactos de Notícias são de autoria PG
 
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1 comentário:

A. Keita disse...

Sim Senhor Jornalista, "quem foi credenciado para representar o país foi Raimundo Pereira, Presidente interino deposto no golpe de Estado de 12 de abril passado e que vive atualmente em Portugal", fim da citação e do seu artigo. E em seguida... discursou ou não? E se sim ou não, por que razão? Um abraço. Amizade.
A. Keita

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