CLI – ARA - Lusa
Cidade da Praia 26
out ( Lusa) - O primeiro-ministro cabo-verdiano, José Maria Neves, considerou
hoje que a Guiné-Bissau deve ser motivo de preocupação para toda a comunidade
internacional porque "está a transformar-se num narco-Estado, onde as instituições
não funcionam".
José Maria Neves
fez estas considerações aos jornalistas quando instado a comentar as
declarações do porta-voz do Governo de transição da Guiné-Bissau, Fernando Vaz,
que considerou "vergonhosas" e pediu que acabem "as faltas de
respeito", referindo-se às declarações das autoridades cabo-verdianas
sobre os últimos acontecimentos no seu país.
Isto porque, na
sequência da tentativa de assalto a um quartel em Bissau, no passado domingo,
na qual as autoridades de transição implicam Portugal e a CPLP (Comunidade dos
Países de Língua Portuguesa), o primeiro-ministro de Cabo Verde remeteu para
uma data posterior "um comentário mais consistente", alegando que, de
Bissau, nem sempre as declarações políticas correspondem à realidade.
Hoje instado a comentar
as declarações de Fernando Vaz, José Maria Neves fez questão de sublinhar que
as declarações do porta-voz guineense não merecem comentários.
"Não merecem
qualquer comentário do Governo de Cabo Verde. O Estado de Cabo Verde é uma
pessoa de bem, as instituições da República são legítimas, Cabo Verde é um
Estado de Direito Democrático e tem uma grande confiança e prestígio no plano
internacional", respondeu.
O chefe do
executivo aproveitou ainda para dizer que no arquipélago está-se sobretudo a
trabalhar para que se possa combater com vigor os tráficos, o desrespeito pelos
direitos humanos e qualquer desvio em relação aos princípios fundadores de um
Estado de Direito Democrático.
"Cabo Verde
quer que a Guiné-Bissau encontre a paz, quer que a comunidade internacional
preste atenção a este país irmão, porque está a transformar-se num
narco-Estado, onde não há respeito pelos direitos humanos, onde as instituições
da República não funcionam e não há a submissão do poder militar aos poderes
civis legitimamente constituídos", acrescentou.
O primeiro-ministro
aproveitou para apelar à União Africana para que tenha um "olhar
atento" sobre a situação da Guiné-Bissau, buscando consensos com as Nações
Unidas, a CPLP e a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental
(CEDEAO), para, entre outros, o lançamento das bases para a consolidação da
Democracia e para o desenvolvimento do país.
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