Filipe Santos Costa - Expresso
Paulo Portas reuniu
de emergência a direção do CDS, após o anúncio do Orçamento do Estado. Reunião
terminou à 1h30 da madrugada e foi inconclusiva.
Paulo Portas chamou
ontem à noite, ao Largo do Caldas, a direção do CDS, para uma reunião de
emergência sobre o Orçamento do Estado e o futuro da coligação. Segundo o
Expresso apurou, no encontro foram abertamente discutidas todas as saídas
possíveis para a atual crise na coligação, agravada ontem pela conferência de
imprensa de Vítor Gaspar sobre o Oorçamento do Estado de 2013. O CDS está
contra a proposta de Orçamento e um dos cenários mais debatidos na reunião foi
a rutura da coligação.
Contudo, apesar das
cerca de quatro horas de discussão, o encontro foi inconclusivo. Os quinze
dirigentes chamados à sede do partido trocaram argumentos a favor e contra o
abandono do Governo, tendo ficado evidente que, embora essa seja a vontade de
muitos, se trata de um cenário com demasiados riscos, pois ninguém sabe quais
poderão ser as consequências de uma crise política neste momento.
O próprio Paulo
Portas terá chamado a atenção para as enormes incertezas a nível europeu -
sobretudo em relação à Grécia e à Espanha - e para a fragilidade em que ficaria
o país caso pusesse em risco as próximas tranches e avaliações da troika.
Os dirigentes
centristas sairam da sede do partido, de rosto fechado, cerca da 1h30 da
madrugada.
"Gaspar é o
foco do problema"
A inflexibilidade
de Vítor Gaspar e Pedro Passos Coelho em relação às medidas fiscais mais duras
do Orçamento - sobretudo os novos escalões e tabelas do IRS - obrigou o CDS a
pôr tudo em causa e repensar o seu papel na coligação. Gaspar e Passos não só não
recuaram no Conselho de Ministros decisivo, na segunda-feira de manhã, como o
ministro das Finanças vincou ainda mais a sua intransigência na conferência de
imprensa de apresentação do documento, ao afirmar que este "é o Orçamento
possível" e que "a nossa margem de manobra para decisão unilateral é
inexistente".
"Recusar este
Orçamento do Estado é recusar o programa de ajustamento e escolher uma via
muito arriscada para Portugal", frisou o ministro das Finanças, no que foi
entendido como um aviso direitinho para o parceiro de coligação.
Ao longo da reunião
desta noite, foi patente a rutura do CDS com o ministro das Finanças, acusado
de ser "o foco do problema" na coligação. Pela sua inflexibilidade
face às alternativas sugeridas, mas também pela incapacidade que tem
demonstrado de acertar nas contas e justificar os sucessivos erros das suas
previsões.
Esta manhã, Vítor
Gaspar reúne-se no Parlamento com as bancadas do PSD e do CDS, e vários deputados
centristas prometem desafiar o ministro em relação à possibilidade de mexer no
Orçamento do Estado e substituir algumas medidas fiscais por alternativas de
corte na despesa. "Não esperem de mim que aceite que este Orçamento de
Estado é, tal como está, inalterável. E terei oportunidade de o dizer diretamente
ao ministro das Finanças", escreveu ontem o deputado Adolfo Mesquita
Nunes, na rede social Facebook.
João Almeida,
porta-voz do partido, escreveu, também no Facebook, que "qualquer
Orçamento tem margem para ser alterado no Parlamento. Negá-lo é negar o fundamento
do parlamentarismo e do sistema democrático". Na mesma rede social, os
deputados Michael Seufert e João Gonçalves Pereira também alinharam pelo mesmo
diapasão.
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