Nicolau Santos –
Expresso, opinião, em Blogues
O Governo descobriu
um novo método de governar: anuncia medidas para-a praça pública e testa a
reação. Se for forte, mete a medida na gaveta, diz que tem muito respeito pela
concertação e pelos parceiros sociais e salta para outro patamar. Se não houver
reação, passa a medida a lei ou diploma e siga a marcha.
Foi assim com a
taxa social única, que deveria ser financiada pelo aumento da contribuição dos
trabalhadores. É agora assim com o recuo no corte de 10% no limite mínimo do
subsídio de desemprego, com o ministro da Solidariedade e da Segurança Social,
Mota Soares, a dizer que se deve estar sempre disposto a ouvir os parceiros
sociais. Perante o clamor, o Governo bateu em retirada.
Como não é
admissível pensar que os ministros são tolinhos, só resta uma de duas
explicações: ou estão desorientados com o que se passou na quinta avaliação da
troika e estão pressionados a cortar despesa, quer faça ou não sentido, sem
pensar duas vezes; ou então optaram pelo método do sargento que, ao ser
informado de que o pai de um dos recrutas tinha falecido, o chamou e disse que
os pais tinham morrido. Perante o súbito desfalecimento do recruta, acrescentou
de imediato: calma, foi só o teu pai que morreu!
Já Brecht falava
num dos seus sarcásticos poemas na dificuldade de governar (que talvez os
ministros devessem revisitar). E invocar António de Oliveira Salazar também
dará jeito aos ministros quando forem criticados sobre esta original forma de
governar. Dizia ele: se soubessem como é difícil mandar, todos preferiam
obedecer. É isto que o bom povo português teima em não perceber.
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