Moçambique perde
anualmente mais de 26 ME para a pesca ilegal
16 de Novembro de
2012, 12:43
Maputo, 16 nov
(Lusa) - O Estado moçambicano perde anualmente 26,7 milhões de euros de
receitas devido à pesca ilegal, prática que impede o setor de aumentar a sua
parcela no PIB, disse hoje o diretor Nacional de Fiscalização de Pescas.
Falando à imprensa,
à margem de uma Reunião Nacional sobre Fiscalização Pesqueira, realizada em
Quelimane, centro de Moçambique, Manuel Castiano afirmou que cerca de duas mil
toneladas de produtos pesqueiros são anualmente retiradas de forma ilegal das
águas moçambicanas.
"A pesca
ilegal não é só uma preocupação económica, é também social, porque mais de 100
mil moçambicanos dependem diretamente da pesca e mais de 530 mil dependem de
uma forma indireta", declarou Manuel Castiano.
As atividades
ilegais nas águas moçambicanas, assinalou o diretor Nacional de Pescas, impedem
o setor pesqueiro de aumentar a sua contribuição para o Produto Interno Bruto
(PIB), atualmente estagnada em três por cento.
A cooperação
intersetorial, incluindo com as forças de defesa e segurança, bem como o
reforço de meios materiais e humanos no combate à pesca ilegal são as medidas
que se impõem na luta contra a pesca.
No total, a pesca
ilegal priva os estados africanos de mais de 785 milhões de euros de receitas,
disse Manuel Castiano.
PMA // VM.
Tripulantes da
moçambicana LAM ameaçam entrar em greve a partir de domingo
16 de Novembro de
2012, 13:27
Maputo, 16 nov
(Lusa) - Tripulantes das Linhas Aéreas de Moçambique (LAM) ameaçam entrar em
greve a partir de domingo por considerarem "esgotados todos os meios de
diálogo" para a resolução das suas reivindicações, medida que apanhou de
"surpresa" a administração da firma.
Numa carta
distribuída a vários órgãos de comunicação social em Maputo, o "Pessoal
Navegante de Cabine", como se identificam no documento os tripulantes da
LAM, diz que vai "paralisar a atividade até que a administração da empresa
apresente uma contraproposta à proposta submetida pelos trabalhadores".
Na carta, o pessoal
de cabine da companhia de bandeira moçambicana não especifica as reivindicações
que quer ver satisfeitas pela administração da empresa, mas declara que as
mesmas têm sido colocadas há cerca de cinco anos.
Informações obtidas
pela Lusa em Maputo indicam discrepâncias salariais entre pilotos moçambicanos
e estrangeiros ao serviço da LAM como uma das razões da ameaça de greve.
Em declarações aos
jornalistas, à margem de um evento da empresa, a administradora-delegada da
LAM, Marlene Manave, declarou-se "surpreendida" com a carta,
referindo que "ainda não foram esgotados todos os meios de diálogo com os
trabalhadores" da empresa.
"Há um diálogo
que ainda não acabou e por isso estamos surpreendidos com essa decisão. Nós
prestamos um serviço público que não pode ser paralisado como uma atividade
qualquer, daí que esse serviço terá de ser prestado", afirmou Marlene
Manave.
Também abordado
pelos jornalistas no mesmo evento, o ministro dos Transportes e Comunicações,
Paulo Zucula, disse desconhecer a carta, apesar de na mesma os tripulantes
apontarem o titular do pelouro como um dos destinatários.
PMA // HB
"Jardins em
Festa" para revolucionar a cultura e o ambiente de Maputo
17 de Novembro de
2012, 08:47
Maputo, 17 nov
(Lusa) - Espetáculos musicais gratuitos em quatro espaços verdes de Maputo
pretendem promover, até dezembro, uma revolução cultural e ambiental entre os
residentes na capital moçambicana, numa iniciativa do movimento "Jardins
em Festa".
Associado às
comemorações dos 125 anos da elevação de Maputo a cidade, efeméride celebrada
em 10 de novembro, o movimento "Jardins em Festa" quer tornar Maputo
numa cidade mais limpa e "cosmopolita".
O Jardim Dona Berta
(Nangade), localizado numa das artérias mais movimentadas de Maputo, foi o
primeiro espaço a receber a iniciativa, com espetáculos de músicos locais.
"Acho esta
iniciativa bastante importante e pertinente para a nossa cidade, no sentido em
que otimizamos os espaços que temos e que não conhecemos, para além de serem
eventos culturais, que nos dão acesso à cultura", disse à agência Lusa Lisete
Ramos, que assistiu ao espetáculo.
Até ao dia 02 de
dezembro, outros três jardins - dos Namorados, dos Cronistas e dos Professores
- irão receber o movimento cultural, que, segundo os promotores, pretende
tornar os cidadãos de Maputo mais conscientes das problemáticas ambientais que
afectam a principal cidade moçambicana.
"Em Maputo
fazem falta eventos destes, cidadãos mais conscientes, a reciclagem, tomarmos
conta da nossa cidade. Acho que com este festival podemos ampliar a nossa
consciencialização e tornar Maputo mais cosmopolita e mais feliz",
sublinhou Magda Burity, diretora do festival.
"Maputo tem
que começar a explorar mais os espaços verdes e a aproveitar mais os espaços
que existem na cidade. Acho que os "Jardins em Festa" é uma
iniciativa que vem ao encontro disso", avançou Milton Gulli, músico
português que atua no festival no dia 25 de novembro, com a banda Spirits
Indigenous.
No domingo será a
vez do Jardim dos Namorados acolher o movimento cultural.
ENYP //JMR.
População disputa
água com animais no centro de Moçambique
18 de Novembro de
2012, 09:37
André Catueira,
Agencia Lusa
Chimoio,
Moçambique, 18 nov (Lusa) - Sob sol intenso, Julieta Afonso, 18 anos, enche uma
vasilha no fontanário enquanto observa atenta outros dois recipientes cheios,
com o receio de uma "invasão de animais", no distrito de Guro,
Manica, centro de Moçambique.
"Estou na
bomba desde as cinco horas da manhã e agora que são 11 horas enchi três baldes.
Mas devo ficar atenta aos cabritos e porcos que podem entornar a água para
beber" disse à Lusa Julieta Afonso, que lembra numerosos episódios de
amigas que tiveram de voltar ao início da fila depois de perderem baldes de
água.
No distrito de
Guro, a norte de Manica, a população disputa fontes de água potável com
animais, sobretudo, porcos, galinhas, patos e cabritos, que sem outras fontes
são obrigados a recorrer a fontanários públicos para enfrentarem o "calor
devorador" da região.
A escassez de água
cria também problemas no ensino.
"A busca de
água chega a ocupar-nos o dia inteiro, porque temos limites para cada pessoa.
Eu junto as minhas irmãs, saímos as 03:30 de madrugada para marcar a fila e
regressamos às 11 ou mesmo até à tarde sem ter conseguido cinco bidões de 20
litros" diz Beta Muchanga, que falta ás aulas para ir á água.
O distrito tem 88
fontes de água, mas apenas 53 estão em funcionamento para abastecer uma
população de 44.889 habitantes do distrito, que vive bastante dispersa.
Atualmente em Guro, um furo ou poço é usado por 2100 pessoas, contra a média de
300 pessoas por cada furo.
"Água sempre
foi um problema em Guro.
Ainda temos fontes bastantes exíguas e existem pessoas que
estão a consumir água imprópria, sobretudo no interior do distrito onde o drama
é maior. Mas tem melhorado muito o abastecimento de água nos últimos anos,
visto que abrimos muitos furos nos bairros" disse à Lusa Diolinda Vissai,
administradora do distrito de Guro.
Uma iniciativa
governamental está a vedar os perímetros onde foram colocadas as fontes de água
nos bairros da sede distrital de Guro, para impedir a invasão dos animais
enquanto a população se abastece nos furos.
Uma avaliação
conjunta do Ministério das Obras Publicas e Habitação e da Direção Nacional de
Água, de 2011, sobre uso de infraestruturas de abastecimento de água, indica
ainda que a população moçambicana tem como principal fonte de água os poços não
protegidos (36 por cento).
O último Plano
Estratégico Social (2009-2011) indica que nas zona urbana foram abrangidos
perto de dois milhões de beneficiários servidos de água potável, aumentando
para 60 por cento a parcela da população com acesso a água.
O mesmo plano
previa que mais de 7,4 milhões de habitantes das zonas rurais de Moçambique
fossem beneficiados através do aumento da cobertura do abastecimento de água de
48,5% para 70% até 2015, mas a realidade no terreno sugere que o governo não
conseguira reduzir até 2015, a proporção da população sem acesso sustentável a
água potável, segundo estabelece a meta dos Objetivos de Desenvolvimento do
Milénio.
"Se calhar,
quando tivermos mais fontes de água, estaremos numa situação privilegiada onde
já podemos partilhar água sem guerra com os animais, pois haverá líquido para
colocar nos curais. Não sabemos quando este dia chegará" desabafa Julieta
Afonso.
AYAC //JMR.
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