domingo, 18 de novembro de 2012

Moçambique: PERDER MILHÕES NA PESCA, GREVE NA LAM, FESTA, DISPUTAR A ÁGUA

 


Moçambique perde anualmente mais de 26 ME para a pesca ilegal
 
16 de Novembro de 2012, 12:43
 
Maputo, 16 nov (Lusa) - O Estado moçambicano perde anualmente 26,7 milhões de euros de receitas devido à pesca ilegal, prática que impede o setor de aumentar a sua parcela no PIB, disse hoje o diretor Nacional de Fiscalização de Pescas.
 
Falando à imprensa, à margem de uma Reunião Nacional sobre Fiscalização Pesqueira, realizada em Quelimane, centro de Moçambique, Manuel Castiano afirmou que cerca de duas mil toneladas de produtos pesqueiros são anualmente retiradas de forma ilegal das águas moçambicanas.
 
"A pesca ilegal não é só uma preocupação económica, é também social, porque mais de 100 mil moçambicanos dependem diretamente da pesca e mais de 530 mil dependem de uma forma indireta", declarou Manuel Castiano.
 
As atividades ilegais nas águas moçambicanas, assinalou o diretor Nacional de Pescas, impedem o setor pesqueiro de aumentar a sua contribuição para o Produto Interno Bruto (PIB), atualmente estagnada em três por cento.
 
A cooperação intersetorial, incluindo com as forças de defesa e segurança, bem como o reforço de meios materiais e humanos no combate à pesca ilegal são as medidas que se impõem na luta contra a pesca.
 
No total, a pesca ilegal priva os estados africanos de mais de 785 milhões de euros de receitas, disse Manuel Castiano.
 
PMA // VM.
 
Tripulantes da moçambicana LAM ameaçam entrar em greve a partir de domingo
 
16 de Novembro de 2012, 13:27
 
Maputo, 16 nov (Lusa) - Tripulantes das Linhas Aéreas de Moçambique (LAM) ameaçam entrar em greve a partir de domingo por considerarem "esgotados todos os meios de diálogo" para a resolução das suas reivindicações, medida que apanhou de "surpresa" a administração da firma.
 
Numa carta distribuída a vários órgãos de comunicação social em Maputo, o "Pessoal Navegante de Cabine", como se identificam no documento os tripulantes da LAM, diz que vai "paralisar a atividade até que a administração da empresa apresente uma contraproposta à proposta submetida pelos trabalhadores".
 
Na carta, o pessoal de cabine da companhia de bandeira moçambicana não especifica as reivindicações que quer ver satisfeitas pela administração da empresa, mas declara que as mesmas têm sido colocadas há cerca de cinco anos.
 
Informações obtidas pela Lusa em Maputo indicam discrepâncias salariais entre pilotos moçambicanos e estrangeiros ao serviço da LAM como uma das razões da ameaça de greve.
 
Em declarações aos jornalistas, à margem de um evento da empresa, a administradora-delegada da LAM, Marlene Manave, declarou-se "surpreendida" com a carta, referindo que "ainda não foram esgotados todos os meios de diálogo com os trabalhadores" da empresa.
 
"Há um diálogo que ainda não acabou e por isso estamos surpreendidos com essa decisão. Nós prestamos um serviço público que não pode ser paralisado como uma atividade qualquer, daí que esse serviço terá de ser prestado", afirmou Marlene Manave.
 
Também abordado pelos jornalistas no mesmo evento, o ministro dos Transportes e Comunicações, Paulo Zucula, disse desconhecer a carta, apesar de na mesma os tripulantes apontarem o titular do pelouro como um dos destinatários.
 
PMA // HB
 
"Jardins em Festa" para revolucionar a cultura e o ambiente de Maputo
 
17 de Novembro de 2012, 08:47
 
Maputo, 17 nov (Lusa) - Espetáculos musicais gratuitos em quatro espaços verdes de Maputo pretendem promover, até dezembro, uma revolução cultural e ambiental entre os residentes na capital moçambicana, numa iniciativa do movimento "Jardins em Festa".
 
Associado às comemorações dos 125 anos da elevação de Maputo a cidade, efeméride celebrada em 10 de novembro, o movimento "Jardins em Festa" quer tornar Maputo numa cidade mais limpa e "cosmopolita".
 
O Jardim Dona Berta (Nangade), localizado numa das artérias mais movimentadas de Maputo, foi o primeiro espaço a receber a iniciativa, com espetáculos de músicos locais.
 
"Acho esta iniciativa bastante importante e pertinente para a nossa cidade, no sentido em que otimizamos os espaços que temos e que não conhecemos, para além de serem eventos culturais, que nos dão acesso à cultura", disse à agência Lusa Lisete Ramos, que assistiu ao espetáculo.
 
Até ao dia 02 de dezembro, outros três jardins - dos Namorados, dos Cronistas e dos Professores - irão receber o movimento cultural, que, segundo os promotores, pretende tornar os cidadãos de Maputo mais conscientes das problemáticas ambientais que afectam a principal cidade moçambicana.
 
"Em Maputo fazem falta eventos destes, cidadãos mais conscientes, a reciclagem, tomarmos conta da nossa cidade. Acho que com este festival podemos ampliar a nossa consciencialização e tornar Maputo mais cosmopolita e mais feliz", sublinhou Magda Burity, diretora do festival.
 
"Maputo tem que começar a explorar mais os espaços verdes e a aproveitar mais os espaços que existem na cidade. Acho que os "Jardins em Festa" é uma iniciativa que vem ao encontro disso", avançou Milton Gulli, músico português que atua no festival no dia 25 de novembro, com a banda Spirits Indigenous.
 
No domingo será a vez do Jardim dos Namorados acolher o movimento cultural.
 
ENYP //JMR.
 
População disputa água com animais no centro de Moçambique
 
18 de Novembro de 2012, 09:37
 
André Catueira, Agencia Lusa
 
Chimoio, Moçambique, 18 nov (Lusa) - Sob sol intenso, Julieta Afonso, 18 anos, enche uma vasilha no fontanário enquanto observa atenta outros dois recipientes cheios, com o receio de uma "invasão de animais", no distrito de Guro, Manica, centro de Moçambique.
 
"Estou na bomba desde as cinco horas da manhã e agora que são 11 horas enchi três baldes. Mas devo ficar atenta aos cabritos e porcos que podem entornar a água para beber" disse à Lusa Julieta Afonso, que lembra numerosos episódios de amigas que tiveram de voltar ao início da fila depois de perderem baldes de água.
 
No distrito de Guro, a norte de Manica, a população disputa fontes de água potável com animais, sobretudo, porcos, galinhas, patos e cabritos, que sem outras fontes são obrigados a recorrer a fontanários públicos para enfrentarem o "calor devorador" da região.
 
A escassez de água cria também problemas no ensino.
 
"A busca de água chega a ocupar-nos o dia inteiro, porque temos limites para cada pessoa. Eu junto as minhas irmãs, saímos as 03:30 de madrugada para marcar a fila e regressamos às 11 ou mesmo até à tarde sem ter conseguido cinco bidões de 20 litros" diz Beta Muchanga, que falta ás aulas para ir á água.
 
O distrito tem 88 fontes de água, mas apenas 53 estão em funcionamento para abastecer uma população de 44.889 habitantes do distrito, que vive bastante dispersa. Atualmente em Guro, um furo ou poço é usado por 2100 pessoas, contra a média de 300 pessoas por cada furo.
 
"Água sempre foi um problema em Guro. Ainda temos fontes bastantes exíguas e existem pessoas que estão a consumir água imprópria, sobretudo no interior do distrito onde o drama é maior. Mas tem melhorado muito o abastecimento de água nos últimos anos, visto que abrimos muitos furos nos bairros" disse à Lusa Diolinda Vissai, administradora do distrito de Guro.
 
Uma iniciativa governamental está a vedar os perímetros onde foram colocadas as fontes de água nos bairros da sede distrital de Guro, para impedir a invasão dos animais enquanto a população se abastece nos furos.
 
Uma avaliação conjunta do Ministério das Obras Publicas e Habitação e da Direção Nacional de Água, de 2011, sobre uso de infraestruturas de abastecimento de água, indica ainda que a população moçambicana tem como principal fonte de água os poços não protegidos (36 por cento).
 
O último Plano Estratégico Social (2009-2011) indica que nas zona urbana foram abrangidos perto de dois milhões de beneficiários servidos de água potável, aumentando para 60 por cento a parcela da população com acesso a água.
 
O mesmo plano previa que mais de 7,4 milhões de habitantes das zonas rurais de Moçambique fossem beneficiados através do aumento da cobertura do abastecimento de água de 48,5% para 70% até 2015, mas a realidade no terreno sugere que o governo não conseguira reduzir até 2015, a proporção da população sem acesso sustentável a água potável, segundo estabelece a meta dos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio.
 
"Se calhar, quando tivermos mais fontes de água, estaremos numa situação privilegiada onde já podemos partilhar água sem guerra com os animais, pois haverá líquido para colocar nos curais. Não sabemos quando este dia chegará" desabafa Julieta Afonso.
 
AYAC //JMR.
 

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